O PAÍS DO GOLPISMO –

Calma! Nada de golpes políticos. Refiro-me aqui a atividade “produtiva” na qual muitos brasileiros estão empenhados na atualidade: afanar os seus patrícios. Trato dos crimes cibernéticos decorrentes do avanço tecnológico cujo objetivo foi facilitar a comunicação interpessoal, mas se presta agora a prejudicar a coletividade.

Um em cada quatro brasileiros já perdeu dinheiro em algum golpe digital nos últimos 12 meses. E das vítimas, nove em cada dez moram em áreas urbanas. É o que revela uma pesquisa feita pelo DataSenado, um instituto do Senado Federal.

As empresas também não estão imunes a ganância dos criminosos. Seis em cada 10 empresas brasileiras sofreram ataques ou incidentes cibernéticos que impediram o acesso aos seus dados em 2023, de acordo com o Índice Geral de Proteção de Dados (IGPD).

O crime cibernético é o ato ilícito cometido através de meios digitais. Os principais são os que envolvem dinheiro, roubo de informações, quando há chantagem ou exploração sexual.  Resumindo são as clonagens de whatsapp, boletos falsos, fraudes bancárias, comércios virtuais, empréstimos ilegítimos, crimes contra a honra, roubo e sequestro de dados.

Na verdade, uma permanente dor de cabeça para pessoas crédulas e honestas, ressaltando-se aquelas de pouca instrução e idosos desprovidos de assistência familiar alheios aos protocolos de salvaguarda de seus bens. Todavia, mesmo os mais instruídos estão sujeitos aos métodos sofisticados dos criminosos.

Dias atrás recebi whatsapp, como se fosse do meu filho, pois lá estava a sua fotografia, onde lia-se: “- Bom dia, pai! Salve este número, porque eu deixei o outro para assuntos de trabalho”. Achei natural e já ia digitar o número, quando me deu um estalo e liguei para ele: “-Pra que mudar o número do celular?”. “- E quem disse que eu fiz isso?” – foi a resposta.  “Golpe!” – falei cá com meus botões.

Então peitei o golpista: “-Ok. Está salvo!”. A ganância do indivíduo foi tanta, que pouco depois ele enviou nova mensagem: “- Pai, estou um pouco apertado e preciso de R$ 4.200 para pagar este boleto”. Em seguida anexou os dados do documento em questão. Respondi: “-Enviarei R$ 5.000 e depois acertaremos”. Num comovente rasgo de “desapego e honestidade” ele falou: “- Não, pai! Bastam os R$ 4.200”.

Minutos depois, recebi uma mensagem solicitando pressa no envio. Em resposta escrevi: “- Esqueça o dinheiro e vá trabalhar, vagabundo!”. A série de impropérios e ameaças que recebi em troca foi tamanha que me arrependi da atitude tomada. Bloqueie o dito telefone e agora, mais experiente, aguardo o próximo golpe.

Essa é a rotina a qual está submetida a percentagem de brasileiros a que se refere a pesquisa. Não existe trégua para os criminosos ante a espera de algum vacilo da vítima para aplicação do golpe.  Tornaram o telefone a ferramenta ideal para atanazar as pessoas honestas e fazer dos incautos presas. A criatividade nas abordagens é de espantar pela variedade e sofisticação empregadas.

É lamentável a constatação, mas o cidadão está desprotegido e sem qualquer blindagem ou providências de controle em perspectiva contra a triste mazela. Diante destes tempos conturbados de insegurança contra o bolso, nunca foi tão útil pôr em prática o lema do escotismo no Brasil: “Sempre alerta!”

O remédio? Cautela e caldo de galinha porque não fazem mal a ninguém, adicionando à receita o “Sempre alerta!”

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Uma resposta

  1. Excelente alerta contra os crimes cibernéticos, que estão cada vez mais frequentes e sofisticados.
    Os golpistas são insistentes e ousados, a exemplo de reiteradas ligações que recebi de supostas “máquinas” que pedem para digitar números em resposta as perguntas formuladas.

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