O PAÍS QUE “PENSA” ESTÁ DE LUTO! –

Após a tragédia do incêndio no Museu Nacional, o que se assiste são pessoas dispostas a escamotear da responsabilidade, sejam quadros funcionais de direção sejam quadros partidários que controlam tais setores públicos. Há reclamos de verbas insuficientes, também há os que indicam má gestão, pelo visto a fase de luto cultural e político poderá se estender, em razão desse último tópico.

Culpabilizações contra a administração do Museu, o governo Temer, os governos petistas, o rombo da Petrobras, a falta d’água nos hidrantes, a prefeitura do Rio, o Governo carioca, e até queda de balão, ao que parece o repertório de causas para o sinistro irá crescer ainda mais. A quem ou a que inculpar? às eleições? A um sabotador? A sentida preocupação refere-se à demora infindável na solução de outro terrível episódio, o crime contra a vereadora Marielle Franco. Se não conseguem solucionar este crime, que esteve sob os holofotes de várias câmeras de vigilância, imagine um fogo que incinerou boa parte da história do Brasil?

O museólogo Marco Aurélio Caldas, reagiu a uma pergunta da repórter sobre possível recuperação de objetos expostos, a que de pronto respondeu: Acabou tudo! Mesmo a coleção de múmias antigas, o fóssil do maior dinossauro de grande porte já montado no país; e ainda o fóssil Luzia, a mais antiga habitante da América Latina desapareceu nas cinzas. Estudiosos e pesquisadores da história e da antropologia chegaram às lágrimas diante da funesta constatação.

A saber, que a administração do Museu Nacional, ligada à UFRJ, vivia com uma gestão em penúria nos últimos 3 anos, em face da redução de verbas. Também a observar que candidatos à presidência nestas eleições – mesmo aqueles ligados às últimas administrações referidas – provavelmente irão centrar baterias contra possíveis causas estruturantes pelos danos aos prédios culturais, como os museus, cada qual isentando prepostos.

Ainda existem aqueles que minoritariamente propugnam por uma gestão apartada de clientelismos e facções políticas, dizendo que estes chegam a controlar mensagens de cunho ideológico sem base ou fundamento. Esses poucos querem uma gestão amparada por fundações particulares que possam doar significativas quantias de preservação, como tal ocorre em países desenvolvidos. Um exemplo disto, o Museu Imperial de Petrópolis, magnífica edificação, que tem suporte da Fundação Roberto Marinho.

E mais, a considerar a tristeza e o desapontamento geral tendente a contaminar as discussões públicas. Com tudo, resta este aforismo da situação presente:

O país que “pensa” está de luto.

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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