O Pedido –
Malvino era um fazendeiro rico e avarento, que só se preocupava em juntar dinheiro.
Para isso, usava um antigo cofre que tinha em casa, cujo segredo a esposa Damiana sabia, mas nunca teve coragem de mexer.
Não gostava de luxo nem de vaidade. Não admitia que se gastasse dinheiro com coisas supérfluas. A esposa e as duas filhas não pegavam em dinheiro para alimentar a vaidade feminina. Cabelos escovados e unhas feitas, o fazendeiro somente permitia nas festas de Natal e Ano Novo.
A casa, onde a família morava, não era forrada e o piso era de tijolo.
Aparentemente, Malvino trabalhou pesado a vida toda e não queria ver ninguém usufruir das suas conquistas, nem mesmo a esposa e filhas. Gostava de dizer que filho de pai rico, quando o pai morre, acaba com tudo; e que viúva rica só serve para atrair cabra safado e aproveitador. O plano dele era esse: levar tudo com ele no caixão.
Uma vez por outra, dizia para Damiana:
“Quando eu morrer, quero levar todo o meu dinheiro comigo no caixão. Quero ter toda a minha fortuna, após a morte”!
Claro que isso soava bastante rude e egoísta para toda a família, especialmente para a esposa.
Damiana chegou a conversar com o padre sobre o pedido do marido, e ele lhe disse que não levasse isso a sério.
Anos depois, Malvino adoeceu, passando a sofrer de hipertensão e diabetes. Depois, o quadro se agravou e ele foi a óbito.
A esposa, então, sentiu-se na obrigação de concretizar o seu desejo. Depois de pensar muito, encontrou uma forma genial de conciliar as coisas, sem se prejudicar.
Na hora em que o caixão seria fechado, gritou: “Esperem um minuto”!
Um dos familiares disse: “Espero que você não seja louca de colocar toda a fortuna no caixão”.
A mulher, chorando, respondeu:
“Eu prometi a ele. Sou cristã e irei cumprir o meu juramento”!
Os amigos e familiares ficaram indignados com a situação.
Damiana, então, tirou do sutiã um cheque e pôs sob a cabeça do defunto. E explicou, baixinho, aos familiares:
– Ele vai levando, no caixão, um cheque nominal, cruzado, assinado por mim, no valor de todo o dinheiro que ele deixou no cofre. Amanhã, irei depositar o dinheiro no banco.