O PEQUENO PRÍNCIPE DE NATAL –

Em comemoração aos 30 anos da preservação do “Baobá do Poeta”, o SESC – Federação do Comércio promoverá uma festa para as crianças de Natal. Tudo para agradar, tudo a que os pequenos têm direito. Será o lançamento da tradução de Ivo Barroso de “O Pequeno Príncipe”, com magistrais ilustrações da paulista Raquel Matsushita.

Quando sugeri ao querido amigo Ivo que traduzisse a obra-prima de Saint Exupéry, ele condicionou que eu fizesse o prefácio e que acrescentasse a foto do nosso Baobá. Argumentei que a língua portuguesa merecia a sua transposição com sabor brasileiro.

Todos sabem que Ivo é consagrado tradutor de Shakespeare, Montale, Hermann Hesse, da obra completa de Rimbaud, entre outros imortais. Somente um poeta de tal sensibilidade poderia traduzir para a infância brasileira de maneira mais que encantadora.

Ivo faleceu recentemente, mas deixou depoimento sobre o Baobá: “O poeta natalense Diogenes da Cunha Lima adquiriu terreno para preservar árvore, transformando o seu habitat num recanto público. Ali realizam concertos, recitais, palestras, aulas práticas de botânica. É uma referência local”. Explica ainda o tradutor: “Eu quis trazer esse texto o mais perto possível das crianças brasileiras, ou seja, fazer dele um livro exclusivamente de literatura infanto-juvenil. Apresentar uma leitura acessível a qualquer menino ou menina sem necessidade de recorrer a dicionário ou internet”.

O livro é uma joia literária. Na festa de lançamento, das 16 às 20 horas, do dia 15 de dezembro, no Baobá, a dedicatória será feita por um Pequeno Príncipe de Natal, que será assistido por uma Rosa e uma Raposa. Para os meninos convidados, pipoca e algodão doce.

Cuidar do Baobá por três décadas só me tem dado alegria. Ver e ouvir estudantes e professores de colégios da capital e do interior em visitas frequentes, bem como as mais simpáticas notícias e comentários sobre a árvore da nossa cidade dão-me muito prazer. Uma admirável fotógrafa revelou o erotismo do rugoso tronco vegetal. O balé Cisne Negro fez, em São Paulo, cinquenta apresentações no seu maravilhoso espetáculo “Baobá”. Na época em que havia circo de animais, ocorreu um evento singular, os artistas circenses deram um espetáculo em homenagem à árvore, com equilibristas, palhaços, bailarinas, elefantes mostrando habilidades, desfile de camelo.

Apesar de negada, há confirmação documental da presença em Natal de Saint-Exupéry. Ele deu entrevista para o antigo “Diário de Natal” ao jornalista Nilo Pereira, foi fotografado pelo italiano Rocco e há testemunhos de sua presença entre nós de Bernard Alléguède, Augusto Severo Neto e Nei Marinho. Em posfácio da tradução de Frei Betto de “O Pequeno Príncipe”, pela editora Rocco, Pedro Karp Vasquez diz que a persistência da memória da passagem de Saint-Exupéry pelo Brasil continua vívida entre nós e está gravada nas páginas do livro graças à referência ao baobá que tanto o impressionara em Natal.

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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