O PODER, O JOGO POLÍTICO E ALUÍZIO ALVES –
O poder é uma capacidade, natural ou adquirida. Pode ser um privilégio ou um direito. Daí porque há tantas interpretações sobre o conceito do que seja o poder. Uma das mais aceitas é a concepção de Max Weber, segundo a qual é a capacidade de influenciar e controlar pessoas, eventos e recursos, de maneira que o seu detentor seja capaz de impor o seu desejo, mesmo que enfrentando resistências e obstáculos. Pode também ser concebido como a habilidade de moldar crenças e valores, de pessoas ou da própria sociedade. Freud tem um outro posicionamento – obviamente psicanalítico – e situa a busca do poder no terreno abstrato, a busca de segurança e do reconhecimento do indivíduo pela sociedade.
Por sua vez, os marxistas o situam no âmbito da luta de classe, tirando a importância do indivíduo que o está exercendo, pois que ali estaria tão somente como representante de um grupo social, já que o poder individual seria uma extensão do poder do grupo social ao qual ele pertence. Para os adeptos do “funcionalismo” (teoria sociológica segundo a qual tudo o que ocorre em um dado sistema social contribui para a sua manutenção e equilíbrio), tal como Talcott Persons, a base do poder não estaria relacionada com a personalidade do líder; seria derivada das estruturas formais desenvolvidas pela sociedade. Se quisermos fazeer uma síntese dessas correntes de pensamento, podemos dizer que a busca e o exercício do poder são impulsionados por fatores inerentes ao indivíduo e à forma como a sociedade está organizada.
Em todos os sistemas políticos, o jogo é jogado por atores, em busca da proeminência, e está estreitamente relacionado com o governo. O que diferencia um sistema do outro são os fatores próprios do coletivo da sociedade – e dos indivíduos que a compõem. Isto é, a forma como a sociedade está sistematizada politicamente, os métodos estabelecidos para organização das diversas facções e como os indivíduos se comportam nos partidos, bem como os espaços neles disponibilizados para os seus integrantes. Ou seja, o que faz uma sociedade politicamente diferente das demais é o conjunto das suas instituições políticas e sociais, sua estrutura formal e o grau de representatividade e influência que as pessoas, considerada a sua individualidade, têm nas decisões das agremiações partidárias.
Na segunda metade do século passado, indubitavelmente, Aluízio Alves foi a mais importante figura da política do Rio Grande do Norte. Comandante de massas, propagador de ideias, impulsionador de mudanças e empreendedor de novas tecnologias; era contraditório, como todos os homens de sua geração.
Na segunda metade dos anos 50, embora se destacasse das demais lideranças que formavam a UDN, quer por sua atuação e visibilidade (como deputado federal ou por sua atuação na chamada grande imprensa nacional, no Rio Grande do Norte), Aluízio Alves ainda era apenas mais um entre tantos líderes que lutavam para ganhar espaço na linha de frente do partido. Porém, falar sobre a atuação de Aluízio Alves na política do Rio Grande do Norte é simplesmente evidenciar o marco histórico de mudança de rumo, que foi a campanha de 1960. Quando rompeu suas ligações com o sistema partidário a que sempre esteve ligado, Aluízio inovou, não somente no Rio Grande do Norte, mas também no Nordeste.
A campanha para governador, em 1960, renovou muito o que se praticava, até então. As Caravanas da Esperança vararam dias e noites com multidões que iam se reservando, o Caminhão da Esperança percorreu todo o Estado, sempre com o candidato a governador falando diretamente ao povo. Segundo Vilas-Bôas Corrêa, “esse jeito de fazer campanha depois se repetiu [parcialmente] no Maranhão e no Paraná. [Porém a] história daquelas caravanas (as Caravanas da Esperança) isso nunca se repetiu em estado nenhum”.
Tomislav R. Femenick – Jornalista e Mestre em Economia, pela PUC-SP