O PODER DO SONHO NA POLÍTICA –
O momento nacional revela, de um lado, o otimismo de que seremos campeões do mundo.
De outro, a crescente desilusão com as eleições gerais de outubro, até agora marcadas por indefinições generalizadas.
As últimas pesquisas, nacionais e estaduais, mostram um quadro preocupante, sem favoritismos e sem rumos.
Tudo poderá acontecer, inclusive nada.
Partidos e lideranças tradicionais dão sinais de fraqueza, risco iminente de surpresas e insucesso nas urnas, pelos ínfimos percentuais que alcançam nas sondagens.
Não há efeito sem causa.
Um dos fatores que contribuem para esse quadro desolador é a nociva “profissionalização” da política brasileira, que deixou de despertar sonhos coletivos, esperanças e confiança em lideranças emergentes.
Hoje, com exceções, predominam a esperteza; o oportunismo; a lógica das chamadas “nominatas”, sinônimo de “conchavos” (garantia prévia de reeleição dos atuais parlamentares); o “vale tudo” da troca de partidos; a traição despudorada de compromissos; garantias prévias de mandato para familiares próximos e cargos nos governos; repasses de dinheiro público para associações e fundações privadas, com uso em promoção política pessoal, sob o pretexto de falsa prestação de assistência às pessoas carentes.
Os partidos, regra geral, servem unicamente aos seus “proprietários privados”.
Com poucas exceções, as candidaturas nascem de “aventuras” e artimanhas, sem levar em conta a habilitação para o exercício do mandato.
Espaços nas legendas são “negociados” em troca de suposta influencia político-eleitoral de grupos religiosos, esportivos, poderio econômico, projeção na mídia…
Distanciam-se os tempos de candidato à presidência do tipo JK, com o lema “50 anos em 5”, apoiado em Plano de Metas, que conduziria o país a um rápido crescimento econômico e ao sonho da capital transferida para o planalto central.
No RN, igualmente remotos os sonhos, aparentemente impossíveis, concretizados por governantes como Aluízio Alves e Cortez Pereira.
Aluízio sonhou em trazer a energia de Paulo Afonso para o estado, embora a CHESF vetasse a extensão dos cabos de transmissão para locais situados além de 500 quilômetros da hidrelétrica.
À época, apenas 14% da população estadual se beneficiava dos serviços elétricos.
Criou a Companhia Telefônica do Rio Grande do Norte (Telern), Serviço Cooperativo de Educação (Secern), que mobilizou recursos em dólares americanos da Aliança para o Progresso, da SUDENE e do MEC, aplicados na educação, quando o analfabetismo era de 65%, com cerca de 80% da população ativa assinando apenas o nome.
Cortez, cujo governo não teve continuidade, elaborou o primeiro plano de desenvolvimento integrado da história do país – o Ruralnorte – encampado pelo Governo Federal, com a denominação de “Polonordeste”.
Questionou o modelo de desenvolvimento da SUDENE, mudado em 2003, já no governo Lula.
Criou vinte vilas rurais nas terras devolutas da Serra do Mel e plantou 40 mil hectares de cajueiros para empregar 30 mil desempregados.
Imaginou a criação de camarão nas áreas de mangue e salinas, transformando o RN no maior produtor do país.
Fechou totalmente o nosso “anel energético”, levando Paulo Afonso às cidades pobres, antieconômicas e que davam prejuízo e por isso foi acusado à época.
Ainda implantou em Natal recantos agradáveis, como o Bosque dos Namorados, a cidade da criança e o atual “centro administrativo”.
Mesmo diante das inquietudes atuais, não compensa descrer na democracia e no voto como instrumento da cidadania.
Por mais difícil que seja, a regra é acreditar no “melhor” candidato, ou no “menos ruim” e continuar sonhando com mudanças.
O gênio Walt Disney, que precisou comer comida de cachorro e tomar banho somente uma vez por semana em uma estação de trem, deixou a lição de que não dormia para descansar, mas sim para poder sonhar.
A inspiração de Thomas Edison recomenda que “nossa maior fraqueza está em desistir.
O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.”.
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