O POVO À INFÂNCIA – Alberto Rostand Lanverly

O POVO À INFÂNCIA –

Importante lembrar que a primeira casa escola de Maceió, é hoje uma das sedes da Academia Alagoana de Letras e em uma de suas três frentes, está escrito: “O Povo à Infância”.

Vivemos um tempo no qual as pessoas, devido ao avanço da tecnologia, sentem-se plenamente capazes de realizar, embora nem sempre saibam como fazê-lo. Apesar de dominarem os artefatos tecnológicos, não são donas sequer de si próprias, sentindo-se perdidas, dispondo de mais meios e técnica, embora desprovidas de prática.

Aprender, sempre se caracterizou como a maior prova de maleabilidade do ser humano, capaz de adaptar-se à realidade, estando preparado para discorrer sobre determinada matéria e tendo até condições de nela intervir.

A busca pelo conhecimento sempre foi uma luta árdua, em todos os recantos do mundo e também em Alagoas. Por volta do ano 1850, inexistiam escolas em Maceió e as autoridades de então, conhecidas como Inspetores Paroquiais, alugavam, dependências de casas da cidade, para servirem como salas de aulas ao ensino primário e secundário.

Contam os livros que, após pouco mais de uma década, tal contrato de locação de residências passou a ser uma atribuição dos professores que também ali residiam com suas famílias, recebendo, para tanto, uma gratificação extra: dez reis referente ao aluguel e mais seis, para a aquisição do querosene consumido durante o curso supletivo noturno, destinado à alfabetização de adultos.

Somente em 1879, devido ao estado deficitário das instalações escolares existentes, que chegavam a consumir nove contos de réis dos cofres públicos, por iniciativa do Presidente da Província, Cincinato Pinto, iniciou-se a construção, em Alagoas, da primeira casa, exclusivamente escolar, batizada de Escola Prática.

Esta edificação, localizada na Praça das Princesas, atual Deodoro da Fonseca, foi inteiramente financiada por donativos do povo alagoano. Pessoas simples, como o professor de Jacuípe, José Juvenal Bittencourt ou famosas, como os Barões de São Miguel e Penedo, a Baronesa de Jequiá e o Coronel Floriano Peixoto, contribuíram efetivamente para materializar o sonho de oferecer conhecimentos à infância local.

Exatos dois anos após o lançamento da pedra fundamental, estava pronto o primeiro templo do saber na Terra Caeté, trazendo, na parte superior da sua fachada principal, uma placa elíptica, em mármore, onde estavam gravados, conforme ainda hoje ali se encontram, os dizeres: “O Povo à Infância”, em alusão ao presente de alguns moradores aos jovens estudantes da cidade de Maceió

Os tempos passaram e o primeiro prédio, devidamente construído em padrão acadêmico adequado, com salas de aula, biblioteca e outros ambientes, passou a ser chamado, até 1969, de Escola Dom Pedro II, quando, por iniciativa do então Governador, Lamenha Filho, foi tombado e doado à Academia Alagoana de Letras, –  a Casa das Casas do Saber do Estado -, hoje comemorando seu Centenário de fundação.

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

 

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