O PRAZER DE DIRIGIR –
Para mim, o prazer de dirigir consiste em viajar por uma rodovia bem conservada, com sinalização adequada e obedecendo os limites de velocidade. Porém, essa satisfação está difícil de conseguir, na atualidade, em razão dos maníacos do volante e do desrespeito à vida humana, cometendo barbaridades contra a ordem no trânsito.
Dentre os desatinos perpetrados por esses malucos das estradas, o que mais me apavora é o excesso de velocidade. Estudos apontam que a emoção obtida pelo prazer de dirigir a altas velocidades cria dependência. Trata-se de uma sensação baseada em conceitos subjetivos que, uma vez iniciada, dispara nos seres humanos uma revolução química resultando na produção de endorfina.
Dirigir esportivamente satisfaz as condições necessárias para que essa substância seja liberada, e assim permitir ao indivíduo desfrutar do bem-estar proporcionado por ela. Acontece, que o local adequado para dirigir um automóvel em alta velocidade é o autódromo… Não as estradas.
É de arrepiar os cabelos vermos flagrantes colhidos por radares das Polícias Rodoviárias, país afora, mostrando velocidades de até 200km/h em rodovias com permissão para, no máximo, 110km/h. Tal prática é constatada, diariamente, nas estradas brasileiras tenham elas boas ou más sinalizações.
A maneira de controlar parcialmente tais absurdos são os radares e as lombadas eletrônicas. Os altos valores cobrados pelas multas inibem os contraventores nessa prática perniciosa. É duro pagar uma multa alta. Contudo, qual o valor de uma vida ceifada pela irresponsabilidade de um condutor de veículo em velocidade excessiva?
Não existem registros de quantas vidas foram salvas, desde quando se instituiu a tolerância de álcool zero no sangue de quem dirige veículos automotores pelas vias públicas brasileiras. Sabe-se apenas que, costumes foram modificados pelo receio de serem retidas ou cassadas carteiras de habilitação.
Hoje, muitas pessoas saem de casa para desfrutar de um simples drinque utilizando taxi ou Uber no trajeto de ida e de volta. O temor de serem pegas e presas por uma blitz com qualquer dosagem de álcool no sangue, aliado ao valor da multa, são motivos suficientes para desmotivar qualquer desejo de dirigir alcoolizado.
O mesmo raciocínio se aplica ao contraventor do trânsito ansioso pela emoção de apertar o acelerador além do limite estabelecido onde é proibido exercitar tal prática. Sem o radar, os obstáculos estarão eliminados para ele, e a estrada livre para as infrações. É impensável facilitarmos o trabalho dos transgressores do trânsito.
O radar exerce importante papel na segurança de quem circula em ruas e rodovias, levando-se em conta que os acidentes de trânsito são, no Brasil, a segunda principal causa de morte não natural evitável. Sobressaindo-se aí o excesso de velocidade como o maior predador.
Ultrapassagens perigosas, o descaso com o cinto de segurança, o uso do celular enquanto dirige e, lógico, a velocidade excessiva são filmadas pelos radares postados em pontos estratégicos de rodovias e ruas. Repito, tal instrumento é de fundamental importância para o controle de um tráfego seguro.
Com radares e lombadas eletrônicas em funcionamento eu terei menos pavor de me movimentar pelas rodovias do Brasil, mesmo abrindo mão do prazer de dirigir.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor
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