O PRÍNCIPE ESTÁ NU! VIVA O PRÍNCIPE! –
O poder de criatividade dos botequineiros (ou botequinistas, ou botequinários) empedernidos é insuperável. Conta-se, como verdade absoluta, que um assíduo frequentador do “Bar Azulão”, certa feita ficou com ar de profunda tristeza, diferentemente do habitual. Os amigos estranhavam a sua súbita depressão, tentavam estimulá-lo… debalde. A melancolia parecia ter algo de contagioso. Mais uns cinco diaristas passaram a apresentar o mesmo quadro de abatimento moral, todos em perturbador silêncio. Até que chegou um pai com duas crianças. Uma vira-se para a outra, aponta para um canto do bar, e exclama animada: vamos brincar com aquele coelho?! Os sorumbáticos gritaram em uníssono, como se fora um gol dos seus times preferidos: um coelho, um coelho, viva o coelho! E todos voltaram ao normal, animados e felizes. O monstro do “deliriun tremens” estava, temporariamente, afastado.
Um dos mais festejados autores dinamarqueses, Hans Christian Andersen, escreveu em 1837 o conto “A roupa nova do rei”. Um vigarista, dizendo-se alfaiate do mais alto coturno, aproveitando-se do excesso de vaidade de determinado rei, propôs confeccionar uma roupa caríssima, mas que somente as pessoas inteligentes e astutas teriam a capacidade de vê-la. O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas. O rei e seus asseclas frequentavam o tear do embusteiro e elogiavam a belíssima confecção, que só existia nas mentes privilegiadas. Até que o rei organizou uma parada onde desfilaria com a maravilhosa vestimenta. Mais uma vez foi uma criança, na sua sincera e verdadeira inocência que desmascarou toda a farsa: o rei está nu! Gritou a criança, no que foi seguido pela maioria das pessoas presentes.
Assim como o delírio alucinatório dos papudinhos, o sentimento de burrice daqueles que estavam vendo o rei nu foi afastado pela observação ingênua de uma criança. A história se repete, e como se repete! É a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte? Ambos se relacionam, portanto a resposta é dicotômica, tanto num sentido como no outro.
Mais de sessenta por cento dos ingleses aprovaram a suruba pública do príncipe Harry, num hotel em Las Vegas, Estados Unidos. Solteiro, rico, bem relacionado, qual é o problema? As reações foram as mais diversas: sua namorada, Cressida Bonas, 23 anos, se sentiu humilhada e disse que a relação estava acabada (duvido e faço pouco); o magnata da mídia Rupert Murdoch deu apoio incondicional ao príncipe, dizendo que deviam deixá-lo em paz; a rainha está indignada com a imprensa (ora, vejam só!); já convidaram o príncipe para participar de um grupo de strippers masculinos; a mulher que vendeu as fotos é chamada de desprezível; o príncipe está na famosa deprê do day after… e por aí vão as conjecturas, mas a verdade é que o escândalo está sendo rapidamente absorvido. O que diria Alexandre Garcia se o festim tivesse sido com políticos brasileiros? Com certeza diria que isso só acontece aqui e que jamais aconteceria na terra da rainha.
Mas o fato é que essa família é mesmo desastrada. Charles troca uma bela como Diana por uma fera como Camilla Parker; a princesa Diana namora um maluco de um Dodi Al-Fayed, que contrata um motorista embriagado para fugir de paparazzis… agora o príncipe faz uma orgia e deixa as fotos vazarem… haja incompetência!
Para finalizar transcrevo um exemplo de globalização recebido pela internet:
Uma princesa inglesa com um namorado egípcio, tem um acidente de carro dentro de um túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzis italianos, em motos japonesas; a princesa foi tratada por um médico americano, que usou medicamentos brasileiros. E isto foi enviado para si por um Português, usando tecnologia americana (Bill Gates), e, provavelmente, está lendo isto num computador genérico que usa chips feitos em Taiwan (ou no Jornal de Hoje que é de ontem), e num monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh, numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios, descarregados por pescadores sicilianos, reempacotados por mexicanos e, finalmente, vendido a si por judeus, através de uma conexão paraguaia. Isto é, caros amigos, GLOBALIZAÇÃO!