O QUE DIZEM NOSSAS ROUPAS? –
É inegável que as roupas têm um talento especial para falar por nós, como se fossem nossos porta-vozes silenciosos. Elas não apenas cobrem nossos corpos, mas também revelam traços da nossa personalidade, estado de espírito e até mesmo o que andamos consumindo por aí. Afinal, quem nunca se vestiu de acordo com o humor do dia ou com as expectativas do momento? Penso nas vestes como uma extensão da alma. Cada peça é como um diário íntimo, repleto de memórias e sentimentos. Lembro das blusas que já brilharam em festas cheias de risadas e danças, agora esquecidas em algum canto do guarda-roupa, aguardando ansiosamente por um reencontro. E aquela calça que nos acompanhou em dias difíceis? Ah, ela deve ter absorvido lágrimas e esperanças como uma esponja emocional!
Quando decidimos nos desfazer de algumas peças, é quase como se estivéssemos liberando não só de um amontoado de tecido, mas também as experiências vividas. Se pensarmos bem, desfazer-se do que não serve mais pode ser libertador. É um ato de coragem e autocompaixão. Abrindo, assim, espaço para novas experiências e aprendizados, permitimos que novas “roupas” — novas ideias, relacionamentos e oportunidades — entrem em nossas vidas. Isso não significa esquecer o passado; pelo contrário, é reconhecer o valor das experiências vividas enquanto seguimos em frente. É um ato de generosidade – dar a chance para que outros também criem suas histórias com aquelas roupagens. Mas não posso deixar de pensar: será que elas sentem saudade dos abraços e dos cheiros que um dia carregaram? Imagino-as suspirando ao serem deixadas para trás.
E o que acontece com elas depois? Algumas podem se transformar em panos de chão, perdendo aquele brilho original, mas ainda assim desempenhando um papel importante na vida de alguém. Outras podem renascer em novas criações – quem sabe uma bolsa estilosa ou uma obra de arte única? E há aquelas que permanecem esquecidas nas prateleiras, como se estivessem esperando por um novo olhar atento. É fascinante imaginar as histórias que essas roupas ainda guardam. Quantas risadas foram compartilhadas ao vestir aquela jaqueta favorita? Ou quantas conversas profundas aconteceram enquanto usávamos aquele vestido especial? Elas são as testemunhas silenciosas da nossa jornada, sempre prontas para nos lembrar dos tempos vividos.
E quando pensamos nos cheiros entranhados – o perfume da infância ou aquele aroma do mar – tudo isso faz parte do nosso legado emocional. As vestes são como cápsulas do tempo, preservando instantes que nunca mais voltarão, mas que continuam vivos nelas. No final das contas, talvez o mais bonito seja saber que cada peça tem a capacidade de renascer em novas histórias e novos corpos. Mesmo quando deixamos essas “segundas peles” partir, elas continuam a viver nas memórias que criamos e nas vidas que tocaram. É uma dança contínua entre o passado e o futuro, entre quem éramos e quem estamos nos tornando.
E quem diria que as roupas poderiam ser tão poéticas?
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros As Esquinas da minha Existência e As Flávias que Habitam em Mim, crônicasflaviaarruda@gmail.com
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