O REENCONTRO –
Há 55 anos (1967), quando o nosso futebol ainda se vestia de um certo amadorismo e o amor pela camisa e pela prática do futebol era verdadeiro e fiel; quando ainda não se beijava “falsamente” o seu símbolo maior – o escudo na camisa, o América FC e o Riachuelo Atlético Clube (RAC) travaram um belo embate para decidir o campeonato de futebol da cidade. O jogo foi realizado na noite de uma quarta-feira, dia 27 de dezembro de 1967, no centenário Estádio Juvenal Lamartine (JL), no bairro do Tirol.
Noite de verão, de céu estrelado, de temperatura elevada medida pelos termômetros dos torcedores, ocupando todas as dependências do JL. Foi uma vibrante noite de vermelho e azul.
Momento de uma disputa inusitada, diferente de todas as outras já realizadas. Não estaria em campo para a decisão final, a maior colecionadora de títulos do Estado – a equipe alvinegra do ABC FC. Estavam presentes, sim, as briosas equipes do América e do Riachuelo.
A cidade em festa, vivendo um momento de muita empolgação e de muita expectativa; as equipes muito bem preparadas e ansiosas aguardavam a hora do embate.
O JL, em êxtase, casa lotada e eriçada, digna de um teatro de arena, orgulhoso em mostrar os seus artífices desempenhando brilhantes papeis com muita maestria. O espetáculo aconteceu em um clima vibrante de uma bela e envolvente disputa; o resultado final mostrou o equilíbrio de forças dos dois times em campo; jogo encerrado e o escore empatado, o que deu o título de campeão ao América, que jogava pelo resultado.
Hoje, tarde noite de sexta-feira, 8 de abril de 2022, próximo de completar 55 anos, aqui estamos nós, atletas remanescentes das duas equipes, juntos e unidos nesta noite de inverno, abafada, sem luar, de céu azul com poucas estrelas e nuvens esparsas, na dependência física do América, no “Themis Bar”, relembrando os momentos do embate, marcando terreno e mantendo acessa a chama da nossa história. Infelizmente, sem poder contar pessoalmente com todos os participantes daquela peleja final; muitos já nos deixaram, partiram para sua última viagem, deixando saudades e outros, sem condições físicas de comparecer.
A nossa disputa, a nossa peleja, hoje, não está em jogo e nem termina aqui, e sim, se reencontra sem disputa de titulo, de troféu, sem vencedor e sem vencido; somos um só clube, uma só equipe, vestindo a mesma camisa, com cores que se misturam e se definem em união, amizade e fraternidade; voltando a lembrar e relembrar que há 55 anos, estávamos travando um grande duelo em busca do título de melhor time do futebol potiguar, o que orgulha, enriquece e inebria a todos nós até hoje.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]
Bom dia, como sempre você muito culto em relação ao nosso futebol.que infelizmente se acabou.a torcida não acredita mais.os atletas não tem mais amor pela camisa , os salários astronômicos para quem nunca foi a uma faculdade.voce tem razão tardes como aquelas nunca mais.abracos.