O SOVACO DE JULIETTE –

Tenho, como a maioria dos que estão confinados, o costume de passar e curtir  as redes sociais. A minha intenção maior é obter informações gerais, procurando filtrar as verdadeiras, ampliando conhecimentos e rodando o mundo em busca de novidades e avanços.

Nesses dias de aflição pandêmica, uma coisa me chamou muito a atenção: a importância, o valor,  que deram ao Reality Show BBB-21; transmitido pela Rede Globo de Televisão.

Foram momentos de muita empolgação, discussões e de puro envolvimento da população vidrada nesse programa  de entretenimento que envolve a privacidade dos seus participantes.

O programa foi de uma audiência nunca registrada nos anais da história da televisão brasileira. Milhões e milhões de participantes virtuais, coisa de louco e de “neura”.

O encerramento foi de empolgação nunca vista, bateu todos os recordes de audiência, com registros de mais de 35 milhões de participantes. O Ibope foi a mil, ficou nas alturas, o que lavou o peito e a alma do canal da TV patrocinadora que está passando por uma fase de maré de vazante e matando cachorro a  grito.

A pretendente ao título, a vitoriosa, foi a maquiadora e advogada de nome Juliette, paraibana “mulher macho”, que de macho não tem nada: uma mulher muita feminina, bonita, simpática, de sorriso perene, de personalidade forte e bem falante.

A escolha foi a esperada e merecida (os números não mentem), os que a elegeram criaram logo um robusto e entusiasmado fã clube que dominou as redes sociais e passou, a todo instante,  a  fazer elogios e mais elogios à ganhadora; seus passos passaram a ser vigiados dia, noite e madrugada adentro com mais de 35 milhões de seguidores. Surgiam, como era de esperar a toda hora, diversas empresas querendo  patrociná-la, artistas famosos fazendo elogios e mais elogios à   “paraibana arretada”

Embora não sendo adepto dessa fuzaca tola, em certo momento, abrindo o meu Instagram, me deparo com a vencedora, a rainha Julliete com o seu belo sorriso, destilando e comentando para os milhões de fãs um assunto, para mim, super inusitado. Ela dizia: “o sovaco da minha mãe é lindo, é maravilhoso, o da minha avó também; o meu, eu não cuido, não passo nem hidratante, porém é bonito também”

Tão logo o comentário caiu na bacia dos “vivos”, as empresas interessadas comercialmente começaram a usar as   palavras da Juliette e junto com os fãs a batizaram de “Rainha do Sovaco”, dando-lhe o “Prêmio Sovaco de Ouro do Ano de 2021”, e as empresas já anunciando seus novos produtos, envolvendo e surfando na onda da Rainha do sovaco. — “O desodorante da Rainha do Sovaco” perfuma e embeleza a “Rainha Juliette”.

Outra empresa de nome internacional de cosméticos, logo lhe outorgou o título de embaixadora, publicação que foi curtida por mais de 5 milhões de seguidores. E também  colocou no mercado seu novo produto, o super “Armpit moisturizer Juliette”(Creme hidratante Juliette):— hidrata, perfuma,  tonifica e embeleza o sovaco da Rainha.

A que ponto chegamos. Isso só  pode ser explicado pela a paranoia da covid, ou por pura invenção e intensão do capeta. “Tá todo muito louco”! O que diria, o que comentaria se vivo fosse o nosso grande escritor, professor e dramaturgo  Ariano Suassuna? Com certeza, teria assunto para comentar por muito tempo em suas aulas “espetáculo”. É coisa para  ninguém acreditar, é assunto para teses e mais teses de mestrados e doutorados nas Universidades do mundo afora e em especial para a de Taperoá/PB.

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  [email protected]

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