O TRAMPOLIM DA VITÓRIA –
O nosso é um rico Estado pobre. Não tenho dúvidas em afirmar que nenhum Estado brasileiro tem, proporcionalmente, a sua dimensão material e imaterial. Que parte do Brasil teria uma história tão singular e expressiva? Infelizmente, o Rio Grande do Norte pouco explora sua riqueza em benefício dos potiguares.
Comecemos pela denominação. A capital do RN tem e teve nomes que são o seu louvor. Assim, Natal los Reys, Santiago (padroeiro da Espanha), Cidade do Potengi, Cidade dos Reis, Nova Amsterdã e, finalmente, Natal.
O Estado oferece 30 santos ao turismo religioso. São outras riquezas singulares: a Fortaleza dos Reis, a energia eólica, o sal, o tungstênio, a fruticultura. As imateriais: a Ciência do Povo de Câmara Cascudo, atuação na pré-história do feminino mundial (Nísia Floresta), a participação feminina com as primeiras mulheres a votar e serem eleitas, a instauração do primeiro governo comunista das Américas, o pioneirismo na aviação, entre tantas outras.
Sol e mar continuam básicos para o turismo. Todavia, não bastam. Nos dias de hoje, os turistas do mundo querem novas experiências culturais, histórias singulares.
Com a recomposição de “O Trampolim da Vitória”, Parnamirim dá exemplo de valorização do nosso patrimônio. O Prefeito Rosano Taveira destinou mais de dois milhões de reais para o Centro Cultural. Marcou a inauguração da primeira fase para 17 de dezembro, aniversário de sua cidade. O complexo cultural renova a história e estimulará o turismo brasileiro, retornando emprego e renda aos cidadãos do “Rio Pequeno”.
Em solenidade no Teatro Municipal, com a presença dos brigadeiros Antônio Bermudez e Marcelo Riveiro, foi dado conhecimento da autorização aeronáutica para o início dos trabalhos. O eficiente secretário de Planejamento e Finanças, Giovane Rodrigues, expôs o projeto. De início, haverá a plena utilização do prédio de embarque do antigo aeroporto (que manterá o nome de Augusto Severo), com amostra de 12 aviões, incluindo aeronaves que participaram da Segunda Guerra, simuladores de voo e a exibição de resultado de pesquisas elaboradas por historiadores notáveis da ex-Fundação Rampa.
Serão revitalizados com nova dinâmica os edifícios que abrigaram os militares dos Estados Unidos e empresas aéreas da França e Itália. Voltará a circular pelo complexo dois grandes ônibus que eram chamados de “papa-filas”.
A Prefeitura destacou o apoio ao empreendimento dado pela Academia Norte-rio-grandense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico, a colaboração da Fecomércio, Governo do Estado e Assembleia Legislativa, enfim, a congregação de esforços necessários à completude da obra.
A iniciativa do empresário Felinto Rodrigues, sugerindo a visita do presidente dos Estados Unidos a Natal, vale para a história. A Conferência do Potengi possibilitou a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, Volta Redonda, além de equipamentos militares e treinamento das nossas tropas que foram vitoriosas na Itália.
A visita, se ocorrer, solidificará a relação entre os dois países, iniciada quando o Estado norte-americano foi o primeiro a reconhecer a Independência do Brasil.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN