O VELHO E O VÍRUS –
Até já tinha pensado e juramentado parar de escrever sobre o coronavírus. Que trama intrigante e doentio!
Muitas verdades, muitas dúvidas, muita política, muito ego e, no final, muitas reflexões disseminadas no ar.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera como idoso aquela pessoa com idade superior a 60 anos. Idade que assume um perfil imunológico rebaixado e com comorbidades presentes em sua maioria. Com essas condições, o idoso é enquadrado no grupo de risco, reservando-lhe o direito da quarentena (isolamento social) diante de epidemias e pandemias.
Nos dias de hoje, nesse mundo global, vazado e cheio de tendas circenses armadas, os velhos estão vivendo mais (que bom!)
A expectativa de vida do brasileiro hoje, segundo o IBGE, é de 73.7 anos, com perspectiva de aumentar ainda mais no futuro. Isso graças às medidas preventivas de bem cuidar da saúde: atividades físicas e mentais regulares e efetivas, alimentação saudável e bem orientada, consultas médicas preventivas, avanço científico das pesquisas farmacológicas, a imunoterapia e a entrada no mercado de equipamentos super avançados para identificação e tratamento precoce das doenças.
Quando da chegada surpreendente da Covid-19, a legião de idosos foi obrigada a se confinar, quebrando todo o seu elo de atividade física e mental. Assim sendo, caiu por terra o seu costumeiro estímulo de vida: o trabalho ameno e as trocas de informações; o bate-papo descontraído, amistoso e gostoso.
Iniciava aí o grande enfrentamento, a grande peleja do idoso com o novo vírus (pandemia). Uma pessoa com uma história de trabalho desde a sua adolescência, já guiada no automático, fazendo daquele trabalho a sua terapia diária, de um dia para o outro se vê acuada, presa, estressada, confinada em sua residência; lembrando que muitos irão se confinar em ambientes inadequados e insalubres.
Além dos problemas psicológicos, uma parcela deles (que não é pequena) passa a ficar sem recursos financeiros básicos. Como pagar suas contas se não existe dinheiro; o dinheiro não circula; é aí tudo caminha de ladeira abaixo; a família sofre, a esperança desaparece. O estresse lhe sobe à cabeça; é difícil segurar!
É um drama triste e comovente que o idoso está passando, precisando mais do que nunca de um apoio psicológico efetivo, humano e financeiro nessa hora de escuridão e de desalento.
Vamos, todos unidos, vencer o vírus e salvar os velhos.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]