Nelson Freire
Esta semana eu voltei de uma viagem a São Paulo e, claro, o avião em que eu vinha pousou no novo Aeroporto de São Gonçalo, o único que está em operação desde o fechamento do Augusto Severo. Desembarquei a tarde, por volta das 14.30hs e pude observar várias coisas interessantes.
Primeiro, ainda a bordo da aeronave e a poucos minutos da aterrissagem, o capitão anunciou aos passageiros que estaríamos chegando ao aeroporto de São Gonçalo, em Natal. Achei estranha a informação, realmente um tanto quanto confusa. Até porque o novo aeroporto já foi denominado de Aluizio Alves, em homenagem ao ex-governador do RN. E depois, a confusão sobre a sua localização. Como vai ser a informação aos passageiros que compraram passagem para Natal e de repente ouvem o anuncio de que estão chegando em São Gonçalo? Até porque em todas as suas dependências, os luminosos informam que se trata do Aeroporto de Natal. Como se vai resolver essa singela questão?
Desembarquei por um dos fingers do novo aeroporto e aí pude observar um outro probleminha: ele estava totalmente ás escuras. Nenhuma lâmpada sequer para iluminar o trajeto até o imenso salão onde as malas seriam entregues aos passageiros. E isso tudo num calor imenso, pois eles não estão climatizados. E na maioria do percurso, os novos fingers são totalmente fechados, impedindo a penetração da luz do sol nos desembarques diurnos.
Na área de entrega das malas, outra observação constrangedora. A iluminação do teto feita apenas por metade das lâmpadas, dando a impressão que o passageiro está num imenso e escuro galpão. E o pior: também sem nenhuma climatização. Ou pelo menos, com apenas uma parte dos equipamento de ar condicionado funcionando. O calor que os passageiros sentiram foi algo anormal.
A espera pela chegada das malas também foi uma coisa que chamou a atenção. Apenas dois funcionários estavam com a incumbência de tirar as malas do avião e transportá-las para as esteiras. O resultado disso foi uma imensa demora, deixando muitos passageiros irritados, e, cá pra nós, com total razão. Por que apenas dois funcionários para executar essa tarefa, diferente do que ocorre nos outros aeroportos?
Quando finalmente peguei a minha mala, passei por outro corredor, a caminho da saída, e pensei que estava em plena Rua 21 de março, em São Paulo. Homens e mulheres dos vários boxes de aluguel de carros, de taxis e outros serviços, todos em pé e segurando placas, falando alto na tentativa de atrair os passageiros a utilizarem-se dos seus préstimos. Uma verdadeira Babel.
Finalmente, como das vezes anteriores em que cheguei de viagem, a terrível travessia Aeroporto-Natal. Numa rodovia inacabada, com sinalização um tanto quanto ainda confusa, um percurso longo e feio, mostrando para o visitante uma área quase sem urbanização, verdadeiramente o quintal da nossa cidade. Que diferença da antiga entrada da cidade, na BR 101, arborizada e bonita.
Resolvi escrever sobre isso hoje, porque, depois de tanto tempo do aeroporto ter sido inaugurado, creio que já era tempo desses problemas terem sido resolvidos. Mas não há o menor sinal de que isso vá ocorrer a curto ou médio prazo. Por isso acho que as autoridades precisam urgentemente buscar as soluções. Afinal, a inauguração do aeroporto foi feita já a algum tempo, e com pompa e circunstância.
Alguém precisa cobrar da empresa argentina que administra o aeroporto, o conforto para os seus usuários. Alguém precisa cobrar do Poder Público pela conclusão das obras para aquele percurso. Principalmente porque Natal é de fato uma cidade turística e o visitante precisa ter uma melhor impressão da cidade. Que começa ali mesmo, obedecendo a regra de que a primeira impressão é a que fica.
Por isso, resolvi relatar essa minha última experiência. Considerando inclusive o fato de que, sendo do nosso estado o atual Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, as coisas poderão começar a ser diferentes. E Natal merece que todo o empenho seja envidado para essas melhorias acontecerem. O esforço que está sendo feito para a atração de turistas, sejam eles de outros estados ou do exterior, precisa dessa contrapartida. E ela tem que acontecer, urgentemente.
Nelson Freire – Economista, Jornalista e Bacharel em Direito