OITICICA, DA MINHA INFÂNCIA À ATUALIDADE –
Ao instruir a expedição de Certidão de Uso e Ocupação do Solo pelo Município de Jucurutu, destinada ao licenciamento ambiental de implantação de estrada asfaltada entre a RN-118 e a Nova Barra de Santana e a Barragem Oiticica fui tomado de emoção. Porque me veio à lembrança o tempo em que, no ano de 1952 ou 1953, no início das obras de construção, em companhia de meus pais e minha irmã Fátima, ali residi, enquanto meu irmão Aldemar morava em companhias de meus avós maternos na cidade.
Meu pai, Alcindo, era operário do DNOCS, então pertencente ao Ministério da Viação e Obras Públicas, ao passo que minha mãe, professora quando residia na cidade, cuidava dos afazeres domésticos, inclusive do ensino de nós filhos, porque lá não havia escola. Habituei-me a diariamente caminhar sozinho ao escritório das obras, que ficava próximo à casa de madeira onde morávamos – porque inicialmente o acampamento era todo construído em madeira.
Isso me abriu a curiosidade para as plantas e mapas pregados às paredes do escritório, tanto assim que o Engenheiro Doutor Aarão – que viria a falecer de uma cirurgia não sei de quê a que fora submetido em Caicó – me iniciou na aritmética daqueles projetos. O que tive a sorte de continuar por parte do Engenheiro Doutor Hamilton que viria a substituir o falecido Doutor Aarão.
A vida ali era tranquila, com um movimento diário de máquinas, caminhões e atividades comerciais em barracões e, por que não, nas brincadeiras de crianças que me fizeram quebrar o dedão do pé esquerdo, salvo parcialmente pelos cuidados do Enfermeiro Cícero da Uzina, de Caicó. E assim continuou até que foram paralisadas as obras de construção, tendo meu pai sido transferido para a construção do Açude Bonito, no Município de São Miguel, no Alto Oeste.
Enquanto instruía a expedição da Certidão de Uso e Ocupação do Solo, tudo aquilo foi reproduzido em minha memória, com a lembrança de meus pais que não sobreviveram para assistir a conclusão das obras da Barragem Oiticica, o que era o maior desejo principalmente do meu pai, quem integrou ao lado de outros jucurutuenses a Força Expedicionária Brasileira e lutou na Segunda Guerra Mundial nos campos de operação da Itália. Mas espero que, 70 anos após os meus tempos de criança, me seja dado o privilégio de ver a conclusão das obras da Barragem Oiticica.
Alcimar de Almeida Silva, Advogado, Economista, Consultor Fiscal e Tributário