A ideia propagada de que óleos essenciais, produzidos a partir de plantas e flores, não têm efeitos colaterais por serem algo natural é apenas uma meia verdade.
A aromaterapia é uma prática terapêutica que busca o bem-estar do corpo e da mente, ajudando no tratamento de dores físicas e em questões emocionais, como ansiedade. Os óleos podem beneficiar algumas pessoas, mas não devem ser utilizados sem orientação e muito menos ingeridos.
Isso porque podem causar intoxicações e queimaduras e ter até efeitos colaterais graves, especialmente em idosos, gestantes e crianças. O alerta vem de especialistas ouvidos pelo g1.
Contexto: Consumidores têm sido cada vez mais induzidos por anúncios na internet a usar altas doses de óleos essenciais. O estímulo também vem de influenciadores digitais que atuam como representantes de fabricantes e estão de olho em suas metas de venda.
Eles chegam a recomendar o óleo essencial em diversas situações, o que pode levar a um consumo excessivo e, muitas vezes, inapropriado – já que vários deles sugerem colocá-lo na bebida ou comida. Prova disso é que o frasco, que, na verdade, poderia durar anos se fosse usado aos poucos já que o produto é concentrado – acaba muito antes.
Cosméticos
No Brasil, os óleos essenciais são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como cosméticos.
Por essa razão, a venda está disponível para qualquer tipo de pessoa, o que não é necessariamente ruim, mas permite o uso indiscriminado sem que o consumidor conheça todos os riscos.
“Sem orientação de quem entenda, não é bom ficar testando. Se quer usar e te faz bem, é melhor ter essa consultoria”, ressalta Laura Marise, farmacêutica doutora em biociências e biotecnologia.
A seguir, veja as respostas para as seguintes perguntas:
- Como funciona a aromaterapia?
- É seguro usar óleo essencial?
- Óleos essenciais podem ser ingeridos?
- Quais os efeitos colaterais?
- Existe um limite de uso?
- Para quem é contraindicado?
- Quais os óleos essenciais que oferecem mais riscos para a saúde?
- Como fazer o descarte correto das embalagens?
1- Como funciona a aromaterapia?
A aromaterapia não é uma profissão regulamentada, mas é considerada desde 2018 pelo SUS uma prática integrativa. Ou seja, é uma terapia complementar aos tratamentos tradicionais fornecidos pela medicina.
“Os óleos podem, sim, ser ferramentas de apoio maravilhosas, mas não são substitutos”, ressalta Nat Silvestre.
Para dores físicas, como uma inflamação muscular, a aromaterapeuta diz que aplicação deve ser feita na pele, fazendo uso do óleo diluído. “Assim, ele agirá agindo localmente, penetrando por meio dos vasos capilares na corrente sanguínea”, explica.
Para questões emocionais, como ansiedade, a inalação, seja por difusores no ambiente, bastões ou difusores pessoais, é mais efetiva. “As moléculas dos óleos entram e ativam impulsos nervosos no cérebro”, diz.
Nestes casos, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Isso porque os óleos que geram emoções de calma e bem-estar variam muito de pessoa para pessoa, uma vez que estão associados a histórias individuais e vivências. Por exemplo, um óleo de laranja doce pode remeter à infância, quando a avó fazia bolo.
2 – É seguro usar óleo essencial?
- Sim, para o uso inalatório (cheirar ou usar em difusor pessoal) e o tópico (passar na pele), mas desde que o óleo seja aplicado seguindo orientação de um profissional.
- Não é seguro ingerir ou pingar óleo essencial na comida ou bebida em nenhuma circunstância.
Mas atenção! Eles também podem causar intoxicação mesmo quando usados nas vias consideradas seguras, como no contato com a pele e inalação.
“Tudo depende do óleo, da concentração e da sensibilidade da pessoa”, diz a aromaterapeuta Nat Silvestre.
3 – Óleos essenciais podem ser ingeridos?
Não! A orientação das especialistas é clara: nenhum óleo essencial deve ser tomado ou ingerido – em nenhuma quantidade.
De acordo com a aromaterapeuta Nat Silvestre, há quem coloque óleo na água para “saborizá-la”, mas, dependendo do tipo, como os mais cítricos, pode até queimar a mucosa bucal e do trato digestório.
4 – Óleo essencial pode ter efeitos colaterais? Quais?
Sim. Vai depender da sensibilidade da pessoa, do tipo de óleo e da quantidade.
Entre os sintomas de intoxicação estão: enjoo, náusea, vontade de vomitar, dor de cabeça, diarreia, coceira, queimação na garganta e muitos espirros.