ONDE ESTARÁ A ESPERANÇA? –

Segundo o dicionário, entre outros significados, esperança “é uma crença na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal”. E também: “crença em algo possível, mesmo quando há indicações do contrário”. Fico mais com essa segunda descrição pelo acostamento que ela faz, à esperança, das “indicações do contrário”. Ou seja, quando a esperança é mantida apesar de toda uma realidade árida, dura, dolorosa, apontando no sentido inverso. O interessante nessa questão é ver-se que a esperança é parente em primeiríssimo grau da perseverança – esta, por sua vez, “qualidade de quem não desiste com facilidade, de quem é persistente”. Vendo-se o correlacionamento entre os dois termos, logo se conclui que não há condições de se ser esperançoso sem se ser perseverante, já que para se estabelecer, de forma positiva, a esperança tem de ser também… perseverante.

Faço essa digressão para entrar na essência, no âmago da atual realidade política brasileira. E, nesse contexto, a primeira constatação a que se chega é que o brasileiro está perdendo a esperança. Em decorrência, está também deixando ao léu a perseverança e, com isso, deixando também ao léu a esperança. Sacou? Daí, será de bom tom que tal circunstância se faça presente na vida do brasileiro – e, por extensão, na rotina nacional? O que de bom pode surgir a um povo, comprovadamente, sem esperança e de perseverança vacilante? Olhando-se para os exemplos que nos trazem a História, podemos concluir que nada de bom. São inúmeros os casos de aventureiros e sabichões – vários de perfis ditatoriais – que se aproveitaram de momentos semelhantes para ocupar espaços antes lhes negado pela lógica da normalidade político-eleitoral. Exemplos não faltam, dos quais Adolf Hitler é o maior e o mais reluzente de todos.

E aí, visto assim, tudo estaria perdido? Ou haveria em algum lugar, em alguma nesga da atual realidade brasileira um resquício – ou pelo menos um fiapo que seja – de algo tido como esperança? Com certeza os de visão mais espiritualizada indicarão, na pessoa de Deus, o caminho correto, perfeito, para o encontro da solução que o Brasil tanto almeja. Por essa fé, manteríamos então no Todo Poderoso a esperança de que as coisas no Brasil têm concerto? Não deixa de ser um bom caminho esperarmos em Deus a reativação de nossa esperança. Mas, enquanto a solução Dele não vem, ou pelo menos enquanto Ele não acende a chama da nossa esperança, deveríamos ficar de braços cruzados? Ou, enquanto isso, não seria melhor que os brasileiros fizessem uma honesta e madura reflexão sobre o porquê do Brasil ter chegado à beira do abismo? E, após essa reflexão, adotar novos procedimentos de escolha de seus representantes?

Pois, enquanto teses absurdas, extravagantes se cristalizam a todo instante, a impressão é a de que ainda não caiu a ficha, na cabeça do brasileiro, acerca da responsabilidade que lhe cabe nos destinos do Brasil. Enfim, de dar ao país um novo rumo. Assim, logicamente dando à maravilhosa pessoa de Deus todo o crédito no seu poder de concertar o que está errado, podemos afirmar que a solução dos problemas político-eleitorais do Brasil está nas mãos dos brasileiros. E, por dedução lógica, concluir que não nos convém buscar em fórmulas esdrúxulas, nem em outros rincões, a esperança que nos cabe cultivar. No Brasil é onde devemos firmar nossas convicções de autênticos brasileiros. E nos brasileiros de todas as raças, credos, ideologias, etc, etc, é onde devemos repousar nossa esperança. Afinal, se chegamos até aqui, provado está que podemos fazer muito mais. Mesmo com a realidade atual nublando a esperança.

 

Públio José – Jornalista    
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