A Organização das Nações Unidos (ONU) pediu nesta quinta-feira (23) aos países latino-americanos que continuem acolhendo os refugiados venezuelanos e criticou as novas exigências nas fronteiras implementadas pelo Equador e pelo Peru.
Em um comunicado conjunto, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, e o diretor-geral da Organização para as Migrações, William Lacy Swing, pediram um apoio maior da comunidade internacional à medida que o êxodo de venezuelanos continua devido ao agravamento da crise econômica.
Eles também se declararam preocupados com novos requerimentos de passaporte para imigrantes venezuelanos no Equador e no Peru.
Neste ano 423 mil venezuelanos entraram no Equador pela fronteira de Rumichaca, muitos planejando seguir para o sul para conseguir trabalho no Peru. Alarmado, o governo equatoriano adotou no sábado (18) regras que exigem que os venezuelanos exibam passaportes, e não só carteiras de identidade nacionais.
Nos últimos dois anos, ao menos 400 mil venezuelanos entraram no Peru. A partir de 25 de agosto, o governo peruano passará exigir passaporte aos venezuelanos.
O chanceler do Peru, Néstor Popolizio, afirmou que a exigência é necessária porque muitos imigrantes estão apresentando identidades falsas na fronteira, mas destacou que aceitará passaportes vencidos e concederá vistos humanitários em situações excepcionais.
Incidentes recentes que afetam os refugiados e imigrantes venezuelanos também chamaram a atenção da ONU.
Em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, brasileiros incendiaram acampamentos de venezuelanos após um comerciante ter afirmado ser agredido durante um assalto por um grupo de imigrantes.
Com medo, cerca de 1,2 mil venezuelanos cruzaram a fronteira de volta para o seu país, mas também há relatos de alguns fugiram para áreas de mata e montanhas nos arredores do município, que fica a 215 km de Boa Vista.
A economia da Venezuela está em declínio acentuado e enfrenta ondas periódicas de protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro. O chefe de estado argumenta que é vítima de uma “guerra econômica” liderada pelos Estados Unidos, concebida para sabotar sua gestão por meio de sanções e da elevação abusiva de preços.
O caos vem forçando muitas pessoas a partir em levas para as fronteiras em busca de trabalho, alimento e saúde básica — o que sobrecarregou a assistência social, criou mais concorrência por empregos de baixa qualificação e atiçou o temor de um aumento da criminalidade.
Fonte: G1