OS DOZE MESES –
O Cristianismo surgiu na Palestina, região sob o domínio romano desde 64 a.C. Tem como origem a tradição judaica de crença na vinda de um Messias, o redentor, o salvador, o filho de Deus, cuja vinda seria uma redenção para todos aqueles que acreditassem nele.
Com o aparecimento do Cristianismo, a crença em divindades pagãs desapareceu. Mas, apesar disso, a memória dos deuses e deusas ainda permanece viva em muitas tradições.
O calendário que usamos foi uma evolução do antigo calendário romano e os nomes utilizados vieram dos deuses.
Estando estreitamente ligados os seus nomes aos costumes e instituições romanas, o nosso calendário, para contagem do tempo, permanece o mesmo estabelecido pelo imperador romano Júlio César.
Relendo a história dos nomes dos doze meses do ano, é como se estivéssemos assistindo a um desfile dos meses romanos.
JANEIRO – Primeiro, aparece uma figura estranha, um deus com duas caras, um deus que olha para diante e para trás, e que segura na mão esquerda uma chave. É JANO. Os romanos adoravam Jano, num templo que estava aberto durante as guerras e que se fechava quando havia paz. Era o deus dos princípios e dos fins. Esse deus era também considerado o porteiro do céu, e os romanos o tinham como protetor das suas portas e portões. Como o ano tem doze meses, o templo de JANO tinha 12 portas.
FEVEREIRO – Segue-se ao deus JANO, uma majestosa dama romana. Era FEBRUA, a deusa das purificações. Celebravam-se no segundo mês do ano festas especiais em honra a Juno e Plutão, rei dos infernos e havia sítios especiais para aplacar as almas dos defuntos. Essas festas eram também de expiação para o povo, e chamavam-se “februais”. O termo vem da palavra februum que significa purificar; neste mês acontecia um ritual de purificação romana.
Fevereiro é o mês mais curto do ano, pois tem 28 dias nos anos comuns, e 29 nos anos bissextos. Constando o ano, aproximadamente, de 365 dias e 6 horas, ao cabo de quatro anos essas 6 horas formam um dia, que se agrega a Fevereiro. Essa inovação é do tempo de Júlio César, o qual, vendo os inconvenientes que resultavam de não serem levadas em conta aquelas 6 horas, chamou a Roma o astrônomo Sosígenes, de Alexandria, o qual propôs que de quatro em quatro anos se acrescentasse um dia a Fevereiro; daí ficou o mês, a cada quatro anos, com mais um dia, passando a ser chamado de “bissexto”.
MARÇO – Nome originado de Marte, o deus da guerra. No desfile imaginário, ele passa num carro puxado por dois cavalos, cujos nomes eram Terror e Fuga. É uma figura de guerreiro ameaçador, manejando uma comprida lança, levantando para o céu um escudo luzidio e erguendo a sua cabeça altiva, sendo iluminado pelos raios e pelo capacete. Para os romanos era mais do que um guerreiro. Era um deus que podia conseguir tudo pela sua grande força. Pediam-lhe chuva, consultavam-no sobre os casos da vida particular, sacrificando no seu altar um cavalo, carneiro, pêga ou abutre.
ABRIL – Depois de Marte, aparece ABRIL. Não é nem deus nem deusa. É o Anjo da primavera. Gracioso, delicado, meigo e bom. Chega espalhando pela terra lindas flores e fazendo nascer nos sulcos feitos pelas rodas do carro do guerreiro, flores tão pequeninas, tão bonitas e tão delicadas, que comove vê-las. “Abril é o que abre.”
MAIO – Nome em homenagem à deusa MAIA, que desfila sentada num trono de luz. Seu pai chamava-se Atlas e sobre os seus ombros pesava o mundo inteiro. Ele tinha sete filhas, das quais a mais célebre foi Maia, cujo filho era Mercúrio, que levava as ordens dos deuses para a terra.
Júpiter, o pai de todos os deuses, levou Maia e as irmãs e colocou-as como estrelas no firmamento. Eram elas que formavam o grupo de estrelas chamadas plêiadas. A sétima estrela do grupo era invisível. Representa uma das irmãs que casou com um homem chamado Sisypho, e, desde então, como o pobre Sisypho foi condenado a rolar eternamente uma pedra por um monte acima, ela, envergonhada, escondeu a cara.
JUNHO- Seguem no cortejo duas figuras disputando o sexto lugar. Uma é a deusa Juno e a outra é um homem de nome JUNIO. Mas a deusa Juno deu nome ao mês de Junho. Juno era a rainha do céu e esposa de Júpiter. Seu trono de ouro estava junto de seu marido. Todos os deuses lhe prestavam homenagem, quando se apresentavam no palácio de Júpiter; tinha poderes superiores e exercia domínio sobre os fenômenos celestes; produzia o trovão nas alturas, desencadeava os ventos e mandava nos astros. Gostava de passear pelos bosques sagrados num carro puxado por pavões.
JULHO – Em honra ao guerreiro e imperador Júlio César, surgiu o nome do mês de Julho. Júlio César não só conquistou nações, fez leis célebres e escreveu livros imortais, como também emendou o calendário, que estava em estado deplorável. O tempo e os meses já não se correspondiam como antigamente; a primavera vinha em janeiro e o inverno nos meses que deviam corresponder à primavera. O mês “quintilius’ foi eliminado em sua honra, tomando o seu nome Júlio.
AGOSTO – Nome derivado de Augusto, o primeiro imperador romano, última personagem da procissão pagã imaginária a que assistimos. A princípio, Augusto chamava-se Octávio e governou os romanos, com Marco Antônio e Lepido. Por fim, foi imperador, e fez muito pela glória e engrandecimento do seu magnífico império. O povo, na intenção de lhe agradar, mudou o seu nome de Octávio para Augusto, que significa “nobre”.
O oitavo mês foi escolhido para ter o nome de Agosto, porque era nessa ocasião que o imperador Augusto celebrava os principais acontecimentos da sua vida. Foi em Agosto que ele foi nomeado Cônsul, que acabaram as suas guerras e que conquistou o Egito. Augusto ficou na história como uma grande personagem. O seu reinado recebeu o nome de Idade de Ouro, porque ele não só trouxe paz ao mundo, farto e cansado de guerras, como também fez florescer a arte e a literatura.
Os poetas imortais, Horácio e Virgílio, viveram nessa época. Fundaram-se, então, livrarias e construíram-se templos por toda a parte.
Foi no reinado desse imperador poderoso que, longe, nasceu a Criança cujo reinado ainda não acabou e cujo nascimento criou uma época. Nunca o imperador orgulhoso pensou, quando se gabava no seu palácio, de ter encontrado Roma feita de tijolo e tê-la deixado de mármore, que existia já uma Criança que dividiria as épocas da terra e poria uma Cruz entre o reinado de Augusto e o começo de uma nova religião.
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SETEMBRO – Os outros meses aparecem disfarçados, com nomes enigmáticos. Para compreendermos o nome do mês de setembro é necessário recordar que o primitivo calendário romano constava de dez meses e que começava em Março, sendo, portanto, Setembro o sétimo mês. Por isso, é representado pelo número sete, em algarismos romanos, VII. Este número lia-se em latim “septen”, de onde se derivou Setembro.
OUTUBRO – Para os romanos, como hoje é para os povos que lhes sucederam no continente europeu, Outubro era o mês das colheitas e vindimas. O nome provém de “octos”, que em latim é oito. Com efeito, era o oitavo mês do antigo calendário romano, passando a ser o décimo, quando Nuna, rei de Roma, fixou o princípio do ano no dia primeiro de Janeiro.
Celebravam neste mês, tanto os romanos como os gregos, muitas festividades. Em uma dessas festas era costume atirar aos poços e fontes coroas tecidas de flores e ervas, como tributo às ninfas, a quem tais festas eram consagradas. Era também o mês da colheita das frutas, cujas primícias se ofereciam às divindades.
NOVEMBRO – Era o nono mês, no primeiro calendário romano, e por isso lhe chamavam “November”. Contava-se que, entre as festividades e ritos religiosos mais importantes, estava o consagrado a Diana, deusa das montanhas e dos bosques. Começava com um banquete dedicado a Júpiter e com os jogos circenses, chamados assim, porque se realizavam no circo. No mesmo mês se celebravam os jogos “plebeus”, instituídos para comemorar a reconciliação de patrícios, nobres e plebeus. Eram oferecidos sacrifícios a Netuno, deus dos mares; e se faziam as festas abrumais ou do inverno, por começar na Itália o tempo chuvoso, nevoento e frio.
DEZEMBRO – do latim “December” de “decem”, dez – o décimo e último mês do antigo calendário romano. É representado hoje por um velho de barbas brancas, que traz brinquedos para dar às crianças no dia de Natal, 25 de dezembro.
Para algumas pessoas, esse velho representa São Nicolau, que viveu no século IV e é considerado o patrono das crianças. Essa ideia teve origem numa lenda, segundo a qual São Nicolau teria feito ressuscitar três crianças, que haviam sido assassinadas por um carniceiro.
Dezembro é um mês característico do frio inverno nos países da Europa, e por isso o representam numa paisagem desolada, com os caminhos cobertos de neve.
Violante Pimentel – Escritora