OS HOMENS DO PRESIDENTE –
Paulatinamente, o presidente Jair Bolsonaro vai formatando a composição de seu governo, através da escolha de seus auxiliares de confiança. Trata-se de um processo criterioso, não só pela dificuldade de encontrar quadros técnicos em seu próprio partido, mas, sobretudo, pela sua pré-disposição de não negociar cargos públicos por indicações partidárias, bem como pela necessidade de enxugar a quantidade de ministérios herdados de governos anteriores, o que pressupõe uma adequada reengenharia para ajustar à máquina administrativa à realidade atual(Fernando Henrique governou com 26 ministérios, o senhor Luiz Inácio ampliou para 37, enquanto que Dilma Rousseff elevou esse número para 39 ministérios).
Entre os ministros civis desponta como um dos homens fortes do futuro governo, o economista Paulo Guedes terá à incumbência de tocar a economia do país, na condução do futuro Ministério da Economia, fruto da fusão da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio. Doutrinado pela Universidade de Chicago, berço do liberalismo, Guedes tem convidado nomes expoentes da escola neoliberal e outros profissionais reconhecidos pela competência para sua equipe, dentre eles Joaquim Levi para o BNDES, Mansueto Almeida para à Secretaria do Tesouro, Roberto Campos para o Banco Central e Roberto Castello Branco para à Petrobrás, independentemente de terem ou não participado de outros governos, desmistificando, com essa atitude, o “ranço político” que ainda existe na política brasileira.
Sob o comando de Paulo Guedes no Ministério da Economia, cogita-se à criação de secretarias setoriais importantes(comércio exterior, modernização do Estado etc) com destaque para à secretaria de privatizações e desmobilização patrimonial, cuja atuação deverá proporcionar recursos para ajudar no abatimento da dívida púbica. No passado recente, o pais já vivenciou a experiência de privatizações de empresas públicas, a exemplo do governo Itamar Franco, que vendeu a Companhia Siderúrgica Nacional e a Embraer, e do governo Fernando Henrique, que comercializou a Vale do Rio Doce e a Telebrás. Hoje, governo Federal tem 138 empresas estatais, das quais 47 estão sob o controle direto da União, sendo que destas 18 são empresas deficitárias, o que impõe desafios para à nova gestão pública.
Também, o ex-juiz Sérgio Moro oriundo da magistratura e combatente da corrupção e o do crime organizado, através da Operação Lava Jato, será um dos ministros de peso da futura administração federal, à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que incorpora à Polícia Federal, o Portal da Transparência, à Controladoria-Geral da União e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras(Coaf). No ministério, Moro deverá por em prática uma agenda nacional de combate à corrupção e ao crime organizado, além de atuar na defesa do consumidor, através das Secretarias Nacional do Consumidor e do Direito Econômico, e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica(CADE). Reconhecido pelo seu trabalho dentro e fora do país, a expectativa é de que Moro possa dar uma boa contribuição ao país, na sua área de atuação.
Nomeado ministro de Estado Extraordinário e coordenador do gabinete de transição, o deputado federal Onyx Lorenzoni é um dos que integram a lista dos nomes fortes da gestão Bolsonaro, devendo ser empossado Ministro-Chefe da Casa Civil. Em seu 4o mandato, Lorenzoni ganhou destaque nacional como relator do projeto que transforma em lei as dez medidas contra a corrupção, elaborado pelo Ministério Público Federal. Como parlamentar foi membro da Comissão Parlamentar de Inquérito(CPMI) dos Correios e da Petrobrás, sendo considerado um dos cem parlamentares mais influentes do Congresso.
Complementando os nomes fortes do futuro governo, estão o Gal. Hamilton Mourão vice-presidente eleito; o Gal. Carlos Alberto, indicado para Ministro-Chefe da Secretaria de Governo; o Gal. Augusto Heleno a ser nomeado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional; o Gal. Fernando Azevedo que será Ministro da Defesa e o Ten. Coronel Marcos Pontes que será Ministro da Ciência e Tecnologia.
O presidente Bolsonaro continua negociando a composição final de seus auxiliares diretos, prevendo-se que o arcabouço institucional de seu governo deverá ser constituído, por no máximo 21 ministérios, em consonância com o postulado “mais Brasil e menos Brasília”.
Antoir Mendes Santos – Economista
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