OS XIFÓPAGOS –
A natureza humana apresenta anormalidades de toda ordem, assim é a xifopagia.
Etimologicamente, xifoide vem do grego xiphoeides (xifo + pago), ou seja: xiphos (punhal) e oiedes (semelhante), mais pagos (endurecido, solidificado).
Acontece, raramente, quando dois gêmeos nascem num só corpo físico, ligados pela cabeça ou então pelo apêndice xifoide.
A extremidade inferior do esterno, cartilagínea nos jovens e óssea nos seres adultos, recebe anatomicamente a denominação de processo xifoide, tripartite em: manúbrio, corpo do esterno e processo xifoide, conforme nos ensina o recente Dicionário Ósseo (Ossos e Acidentes Ósseos Humanos), o primeiro a ser lançado no país, por este cronista, em companhia dos doutores Ailson Guedes e Gregory Gentili.
Esterno, osso do peito, promana do grego stérnon, embora a forma latinizada por Claudius Galenus seja sternum, vez que o médico romano escrevia em grego, língua franca daquela época.
Todavia, os antigos romanos chamavam o esterno de pectoris.
As origens e seus meandros, não só nisso ficam, historicamente.
Os xifópagos são chamados, também, de irmãos siameses?
No Sião, antiga Tailândia, nasceram os irmãos Chang e Eng, em 1811, filhos de pais chineses, e que foram levados para os Estados Unidos da América do Norte, onde se tornaram celebridades, não somente pela união corporal, mas principalmente porque tiveram 21 filhos.
A mídia se encarregou de apontá-los como “irmãos siameses”, vez que no Sião (hoje Tailândia) eram conhecidos como “irmãos chineses”.
Como são formados os irmãos siameses?
Os geneticistas afirmam que eles são formados a partir do mesmo zigoto, após o processo de fertilização ou seja: são idênticos e de mesmo sexo. Quando um morre, o outro falece, também, salvo, naturalmente, que tenham sido separados por uma cirurgia de separação.
Quando vão ao banheiro para as necessidades fisiológicas o controle corporal é exercido por apenas um deles, sendo que a bexiga e o útero funcionam normalmente.
O poema – Lições de um gato siamês, de Ferreira Gullar, assim dimensiona o assunto:
“Só agora sei
que existe a eternidade:
é a duração finita
da minha precariedade
O tempo fora
de mim é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afetivo
— dura eternamente
enquanto vivo
E como não vivo
além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo).”
(Ferreira Gullar)
José Carlos Gentili – Membro da Academia de Letras de Brasília e da Academia das Ciências de Lisboa