OSTEORADIONECROSE: UMA GRAVE CONSEQUÊNCIA DA RADIOTERAPIA DE CABEÇA E PESCOÇO –
A radioterapia se constitui numa arma eficaz contra o câncer bucal, sendo um tratamento loco-regional, porém, adversamente causa alterações visíveis nos tecidos adjacentes às áreas irradiadas. Dentre os tumores de cavidade oral tratados com radioterapia, a osteorradionecrose (ORN) atinge em 90% dos casos a mandíbula, seguido da maxila.
A ORN é uma séria e das mais severas complicações bucais advindas da radioterapia de cabeça e pescoço. Há uma grande variedade de sinais e sintomas que caracterizam esta consequência, que vai desde o desgaste ósseo superficial até fraturas. As características clínicas mais comuns para o diagnóstico são: dor local, trismo (dificuldade em abrir a boca), halitose (mal hálito), exposição óssea, drenagem de secreção e fistulização para pele ou mucosa.
Observamos junto aos pacientes assistidos na Casa Durval Paiva que a maioria desses sinais e sintomas surge após meses ou até anos depois da exposição à radiação. Quando o início dos sintomas ocorre em um intervalo menor que dois anos, após a radiação, a doença é chamada de precoce e, geralmente, está relacionada às altas doses de radiação. Quando o intervalo após a radiação e início dos sintomas é maior que dois anos, é dita osteorradionecrose tardia.
Apesar da melhoria nos cuidados bucais realizados antes da radioterapia, a incidência de casos não diminuiu significantemente nos últimos anos. Os fatores habitualmente relacionados a ORN incluem a má higiene oral, doenças como periodontite e abcesso dentário durante a radioterapia. A extração dentária também pode incentivar o surgimento da osteorradionecrose, resultando assim na exposição óssea, aumentando o risco da doença.
O tratamento da osteorradionecrose depende de sua extensão e baseia-se em uma combinação de medidas e ressecção cirúrgica. Dentre as medidas conservadoras, a mais utilizada é a antibioticoterapia tópica ou sistêmica.
O manejo da osteorradionecrose é complexo e ainda não existe uma abordagem terapêutica padronizada. No entanto, pode ser prevenida e existe na literatura protocolos que possibilitam a redução da incidência da ORN por meio de cuidados no período pré, trans e pós-radioterapia. Espera-se que a incidência de novos casos seja cada vez menor devido ao avanço das tecnologias, de forma simultânea com o desenvolvimento de novos métodos preventivos.
Eloisa Alexsandra Lopes – Dentista – Casa Durval Paiva – CRO/RN 3663
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