OUTRA HISTÓRIA DO MEU TEMPO –
Deixe-me contar mais uma história do meu tempo como Secretário de Educação do governo de Cortez.
Tive muitas surpresas, como tudo na vida, agradáveis, desagradáveis e surpreendentes. Por exemplo, exame para entrar no ginásio. Quando entrei no Atheneu, em 1942, depois do Admissão, fui obrigado a ir à Secretaria de Saúde para pegar um atestado de sanidade física e mental, para poder me matricular.
Cheguei por volta das cinco da manhã na secretaria (que ficava então em frente ao Atheneu) e recebi o certificado, depois de longa espera. Quando chegou a minha vez, a enfermeira perguntou meu nome, escreveu no atestado e me entregou – que já tinha a assinatura do médico. E me disse que podia ir embora. Não fiz nenhum exame!
Ainda encontrei essa exigência mais de trinta anos depois! Quase tenho um enfarto. Liguei para Genibaldo Barros, que era o Secretário de Saúde, e perguntei se havia alguma legislação sobre assunto. Examinou e me respondeu que não havia. Tampouco havia alguma coisa na secretaria. Não tive dúvidas e suspendi essa exigência maluca. Combinei com Genibaldo fazer exame na escola, de forma aleatória.
Lembrou-me a história do Prefeito de Londres, que encontrou um guarda permanentemente localizado numa praça super pacata. Perguntou e ninguém sabia o por que. Mandar fazer uma pesquisa e descobriram: um cidadão reclamou que foi sentar e o banco estava recém pintado e manchou a roupa todo. Moveu uma ação e a prefeitura teve que pagar sua roupa. Colocaram o guarda para avisar que a pintura do banco estava fresco. E esqueceram. O guarda ficou por lá anos. Acho que nem ele sabia mais a razão.
Depois conto mais.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN