PAÍS PROVIDO DE FERROVIAS …. MAS NOS EUA E NO CANADÁ! –
Transportes essenciais, tanto nos EUA quanto no Canadá, e nos países europeus, são sustentados por ferrovias, em meio a estradas dispendiosas, que também convivem as carretas modernas, altamente poluidoras do meio ambiente. Ao fazer breve pesquisa, locautes ou greves desse transporte, que “corroe” a estabilidade de um país, não acontecem na maior parte do mundo. A bem entender que o pleito dos caminhoneiros no Brasil se afigura em razão do descontrole de reajustes de tarifas principalmente do óleo combustível. Mais ainda que esteve presente a administração política recente para a Petrobras com os desdobramentos nefastos que se conhece.
Revendo a história, constata-se que os propósitos primevos já foram benfazejos. No Brasil Imperial já estávamos investindo em ferrovias que deveriam manter a carga e o transporte pelo interior de nosso país continental. Mesmo na guerra de Canudos, no esconso sertão baiano, as tropas – em 1897 – seguiram por via férrea de Salvador até o sertão de Queimadas! No entanto a verdade foi que, nos anos do século passado, nossos políticos foram pródigos em seguir na contramão dos países desenvolvido. Muito pouco se investiu em ferrovias! Muitos decretam que agora seria tarde para retomada da ideia, mas, diríamos que os acontecimentos de agora poderiam demarcar um reinício de mentalidade nesse novel sentido.
Como vimos nos livros escolares, adventos progressistas nada auspiciosos andaram com a República. Dom Pedro II em tantos campos de atividade no âmbito econômico-social, notadamente, procurou dar impulso fortalecedor para o Brasil com ferrovias.
O país chegou, para a época, a ser referto de estradas de ferro na região sul do Brasil, em São Paulo e Minas Gerais, além da região Nordeste, como constatamos no registro da história. Esse funcionamento sobre trilhos no Brasil foi autorizado em 1873, quando se intensificou a concessão para construção de uma ferrovia em Pernambuco que ligaria o Recife a Limoeiro. Em 1881 iniciou o funcionamento, com a conclusão do primeiro trecho, entre Recife e Paudalho. Em 1896 foi construída a ferrovia Recife–Caruaru e no início do século XX, arrendadas as demais ferrovias do estado. Seguiu-se a construção dos prolongamentos de linhas já existentes, por exemplo, o trecho entre Tacaimbó e Afogados da Ingazeira na Linha Centro do estado de Pernambuco. E por aí se constatava o cenário emergente das ferrovias brasileiras, cantadas em prosa e verso.
No Rio Grande do Norte a construção de ferrovias iniciou-se em 1870, para atender ao escoamento do açúcar para os engenhos do vale do rio Ceará-Mirim, e o Governo Imperial estendeu a construção de uma estrada de ferro na região. Efetivamente a primeira ferrovia a ser construída em território potiguar foi a Companhia Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz. Essa forma de transporte entrou no estímulo à construção de ferrovias no país, a custo reduzido, em bitola estreita e traçado sinuoso, em que se tinha que os percursos sinuosos eram mais extensos do que os traçados mais retilíneos. Em 1877, havia concessões no ramo ferroviário a companhias britânicas como a Imperial Brazilian Natal e a Nova Cruz Railway Company Limited. Apenas o segmento Natal a Nova Cruz, com primeiro trecho até São José de Mipibu, saiu do papel, deixando-se o projeto posterior de um ramal para Ceará-Mirim. Anos seguintes, vieram as conhecidas dificuldades de gestão que fizeram a demanda reduzir. No entanto a Companhia de Obras Públicas e Navegação deu início às obras para o ramal do Ceará-Mirim em 1893. Em 1901 o governo republicano uniu a malha ferroviária nacional, e a exploração da rede potiguar passou à Great Western of Brazil Railway, na integração nordestina que cobria a Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
Até em meados da República se viu alguma atuação em paralelo com países desenvolvidos. Em 1945 a Great Western possuía mais de 1.600 km de ferrovias, alcançando outros estados do Nordeste. Entretanto, já em 1951, encerraram-se suas atividades no Brasil, sendo a britânica sucedida pela Rede Ferroviária do Nordeste, antecessora da Rede Ferroviária Federal S. A.(RFFSA).
Na segunda metade do século XX, o investimento em transportes no Brasil, na esteira dependente do petróleo, como sabemos, se concentrou nas estradas de rodagens. As amarras que não se veem nos países desenvolvidos se estabeleceram em nosso país, de forma a refrear um bom quinhão de investimentos na redução de custos na movimentação de mercadorias. Restou hoje a rede graneleira da malha ferroviária paulista em direção ao Porto de Santos, mas são tantos os entraves do poderoso setor viário do asfalto.
Se há esperança, resta o futuro, e o acordar para o investimento em ferrovias que ainda pode nos fazer reinserir no eixo progressista de ensejo mundial, a partir de nossa lição histórica.
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