Com a recessão econômica e a greve dos bancários, pela primeira vez no ano, o volume de crédito baixou em outubro. Isso num ambiente de taxas recordes de juros e de leve aumento da inadimplência, movimentos que vêm se renovando mês após mês desde o início de 2015. O nível do calote foi o mais elevado no mês passado desde maio de 2013.
De acordo com dados do Banco Central divulgados na sexta-feira, 27, o estoque de crédito no País caiu para R$ 3,157 trilhões em outubro, o que representa 54,7% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês anterior, o volume estava em R$ 3,160 trilhões. Para o economista da Tendências Consultoria Rodrigo Baggi, o esfriamento foi acentuado por conta do comprometimento tanto da oferta como da demanda. “Isso tem feito os volumes caírem em nível maior do que estávamos esperando”, disse. “A direção surpreende, mas o que surpreende mais é a magnitude”, continuou.
O BC, que projeta expansão de 9% deste mercado, já cogita reduzir levemente sua estimativa no mês que vem. Em 12 meses até outubro, o crescimento do crédito no País está em 8,1% e no acumulado dos 10 primeiros meses do ano, em 4,6%.
Mesmo com a diminuição da procura por financiamentos, os juros não param de bater marcas inéditas. Em outubro, a taxa média do mercado subiu para 47,9% ao ano, a mais elevada da atual série histórica do BC, iniciada em março de 2011. O consumidor foi o que mais pagou, já que, para pessoa física, a taxa alcançou 64,8% ao ano no mês passado, porcentual também inédito. O movimento ainda é uma consequência da alta promovida pelo BC desde abril de 2013 da taxa básica de juros, Selic, e que estacionou em 14,25% ao ano em julho.