PALAVRAS –

Dias passados escrevi um artigo que tinha como título a palavra “belicoso”. Recebi o comentário de um amigo, que colocou essa palavra entre aspas, e disse que gostou muito do que escrevi, especialmente por ter dito que de “belicoso” eu não tenho nada. E não tenho mesmo.

Mas me fez começar a pensar como o uso das palavras é importante. Já pensaram como seria nossa comunicação se não tivéssemos as palavras? Não sou muito de usar dicionário, talvez por que não me habituei a isso, mas também porque esses programas que usamos para escrever nos corrige o tempo todo, o que é bom. E ainda fazem uma revisão final, se você quiser. Portanto, usar “belicoso” para mim foi novidade. Hoje, uma palavra pouco usada.

Além disso, tenho por costume usar palavras simples, que até eu entendo. Um ensinamento do velho Churchill, que ficou na minha cabeça. Uma boa experiência para você sentir a importância das palavras é quando você vai a um país estrangeiro, de língua muito diferente da sua, e da qual você nada entende. Fica meio perdido e aí o dicionário resolve. Aliás, hoje você já encontra tradutores eletrônicos impressionantes, que traduzem o que você diz, e os outros dizem, de imediato. Toda essa confusão de línguas devemos à Torre de Babel.

Há alguns países onde você não tem muita dificuldade, como Espanha e Itália. Há outros onde você fica fora do mundo, como na Finlândia ou na Hungria, línguas tão diferentes da nossa que o deixa totalmente perdido.

Sempre gostei de estudar línguas. Às vezes, lhe ensinam mais sobre a sua própria de que a nova que está estudando. Estudei Espanhol no Atheneu, que era ensinado no meu tempo. Lembro o nome do professor, Paulo Gomes, que morreu muito moço. Consolidei o conhecimento dessa língua por que sempre lia em espanhol e, quando fui para a OEA, era a língua lá falada. A quase totalidade dos países são de origem hispânica. O inglês, o francês e o português são as outras línguas oficiais. Mas, o dia a dia, é todo em espanhol.

A guerra me ensinou inglês, e atrapalhou o meu francês. A influência americana aqui fez com que o inglês se tornasse quase uma língua comum e muita gente, inclusive eu, que já tinha uma base aprendida com meu tio Protásio Mello, a consolidou. O meu francês, estudei com meu tio Mons. Calazans Pinheiro, cujo estudo comecei aos 10 anos e que aprendi ligeiro, lia, escrevia e falava com desenvoltura. Quando o inglês passou a fazer parte da minha vida, esqueci muito do francês, mais ainda leio com certa facilidade. Estudei russo e não aprendi nada; o mesmo aconteceu com o alemão. Na realidade, hoje em dia há duas línguas que lhe levam a qualquer lugar – inglês e espanhol. Sabendo uma das duas, não terá dificuldades.

Escrevi mais do que queria. Minha intenção era explicar o por que de “belicoso”. Como essa coisa de línguas me fascina, me excedi um pouco. Mas, o assunto é válido.

 

 

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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