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A Panamá Papers é uma investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês) sobre a indústria de empresas offshore. Esse tipo de empresa pode ser usada para esconder dinheiro e dificultar o rastreamento de seus verdadeiros donos. O ICIJ, com apoio do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, teve acesso a 11,5 milhões de documentos ligados ao escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os milhões de documentos vazados foram esmiuçados por mais de 370 jornalistas de 76 países. Os documentos mostraram que a Mossack Fonseca, com  escritórios em muitos outros países, é uma das maiores criadoras de empresas de fachada do mundo.

As autoridades policiais de El Salvador fizeram buscas nos escritórios da empresa. As autoridades já haviam anunciado a abertura de uma investigação sobre os 33 cidadãos citados no escândalo, para apurar se teriam violado alguma lei. O procurador que visitou as instalações da empresa de advocacia neste fim de semana, disse que cerca de 20 computadores e vários documentos já foram confiscados e sete funcionários foram ouvidos. A decisão de fazer as buscas foi tomada após ter sido constatado que funcionários da empresa estariam retirando a marca da companhia do exterior do edifício. Os clientes salvadorenhos da empresa Mossack Fonseca usavam offshores para fazer operações envolvendo milhares de dólares, que serviam para comprar imóveis naquele país.

Por sua vez, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou neste domingo a criação de um grupo de trabalho para analisar as informações do Panamá Papers, que lançaram suspeitas sobre ele. “Esse grupo de trabalho vai reunir os melhores peritos britânicos para analisar eventuais faltas no âmbito dos ‘documentos do Panamá'”, declarou Cameron em comunicado. O grupo, com um orçamento de 10 milhões de libras, vai integrar agentes das finanças e da agência britânica contra o crime (NCA, sigla em inglês), com o apoio do gabinete de luta contra a delinquência financeira (SFO) e a autoridade de conduta financeira (FCA).

“Em conjunto, esses agentes têm os melhores recursos, tecnologias e peritos para lutar contra a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal em todo o mundo. O grupo de trabalho dará informações sobre o inquérito ainda este ano aos ministros das Finanças e do Interior”, disse Cameron. O anúncio é feito depois da divulgação de informações dos “Documentos do Panamá” sobre o pai do primeiro-ministro britânico, Ian, que dirigiu um fundo de investimento nas Bahamas. Ian Cameron morreu em 2010. Na quinta-feira (7), após vários dias de pressão, o primeiro-ministro admitiu ter feito parte da sociedade offshore do pai até 2010.

Cameron reconheceu neste sábado que “deveria ter gerido melhor esta história”, ao mesmo tempo em que centenas de manifestantes exigiam a demissão do primeiro-ministro em frente à residência oficial de Downing Street. O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, considerou que “o primeiro-ministro perdeu a confiança dos britânicos”, sem no entanto pedir a demissão de Cameron.

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