Papa Francisco cumprimenta presidente de Ruanda, Paul Kagame, durante audiência privada no Vaticano, nesta segunda-feira (20)  (Foto: Tony Gentile/ AP)

A Papa Francisco pede perdão a Deus por “pecados e falhas “ da igreja católica cometidos durante genocídio em Ruanda, que deixou mais de 800 mil mortos em 1994. A declaração foi dada durante encontro com o presidente do país africano, Paul Kagame, no Vaticano, nesta segunda-feira (20).

“Imploro o perdão a Deus pelos pecados e faltas da Igreja e de seus membros, entre eles padres, religiosos e religiosas, que cederam ao ódio e à violência, traíram sua missão evangélica”, afirmou o pontífice, segundo a France Presse.

“Manifesto a profunda dor, da Santa Sé e de toda a Igreja, pelo genocídio contra os tutsis e expresso solidariedade às vítimas e a todos que padeceram por esses trágicos eventos”, afirmou o chefe da Igreja, segundo a nota divulgada pelo Vaticano, segundo a France Presse.

O pontífice, que se reuniu por 20 minutos a portas fechadas com o presidente Ruanda, havia oferecido em 2014 o apoio da Igreja católica para a reconciliação em Ruanda por ocasião dos 20 anos de genocídio.

Francisco também recordou o gesto de João Paulo II durante o Jubileu de 2000, quando, pela primeira vez, pediu perdão pelos horrores cometidos pelos membros da Igreja.

Cerca da metade dos ruandeses são atualmente católicos, a outra metade recorreu às igrejas pentecostais depois do genocídio.

O genocídio, termo adotado após muito debate nos comitês da ONU, foi um dos episódios mais sangrentos da segunda metade do século XX, e afetou quase um terço da população do pequeno país do centro da África.

A matança de tutsis, etnia minoritária de Ruanda, começou a ser organizada poucos anos antes pelo governo de maioria hutu. O estopim foi a morte do presidente Juvenal Habyarimana, que teve seu avião alvejado, num crime que não foi esclarecido. Sem o presidente, os radicais do governo se apropriaram da administração e eliminaram opositores. A extinção tutsi virou política de Estado, campanha promovida com incentivos e ameaças e enfatizada em discursos na rádio e na TV.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 800 mil pessoas morreram no massacre.
Fonte: G1

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