PARA JOCA IN MEMORIAM –

“ESTE MUNDO ESTE MUNDO
É VERDADE É VERDADE”

Sábias palavras ditas e repetidas pelos meus trisavôs. Ele falava : esse mundo esse
mundo… e ela respondia :é verdade é verdade…

É impressionante como nesse diálogo acima está contido tanta filosofia; sabedorias adquiridas com o tempo. Tempo esse que nos surpreende de diversas maneiras, como essa notícia triste que fiquei sabendo da morte do querido amigo Joca ,lá da Tapiocaria da Vó na Vila de Ponta Negra.

Foto: Flávio Rezende

Reagiu a um assalto e passa a ser mais uma vítima fatal dessa extrema violência que nos acomete e que continua…

Hoje a Vila de Ponta Negra ficou mais pobre, órfão de sua presença e que para mim perdeu um muito do seu encanto encantado, um quê que só existe ali, uma sensação de aconchego que acomete quem a frequenta, um pertencimento .

A Vila de Ponta Negra tem uma áurea santificada que lembra muito o bairro de Mãe Luiza ,quando podíamos subir seu Morro e fazer seresta até o dia amanhecer, nos embriagando de felicidades.
Bons tempos, tempos de nunca mais…

Hoje o meu dia congelou
Triste notícia: Joca faleceu
Mas como, o que houve?
Os bilros emudeceram
Uma tragédia aconteceu

O som do mar desapareceu
Ponta Negra ficou pálida
As espumas do mar avermelharam
A beira-mar encurtou
As águas ficaram cálidas

Como ficarão minhas quintas-feiras
Sem a presença de Joca lá na Tapiocaria
Reclamando de minha ausência
Cobrando nossa presença
Para felicidade minha

Me convidava para pescar
Colocar a rede no mar
Passar a noite curtindo a natureza
Enxergando toda beleza
Daquele fatídico lugar

Perdemos um agitador cultural
A arte ficou mais pobre
Sem sua decoração
A música desafinou da canção
A poesia visual perdeu um nobre

Na Tapiocaria da Vó
Ao lado da igrejinha
Vivi momentos únicos
Canja de músicos excepcionais
Além de Ângelo e Silvinha

Até me atrevia no pandeiro
Misturado com músicos sensacionais
Os bambas de nossa Natal
Em noites memoráveis
Que não se repetirão jamais

Ficamos órfãos de Joca
Hoje a poesia chora
A vida tropeçou na maldade
Só nos restando dor,
saudades
A alegria se imola

Imagino Joca lá no céu
Construindo uma tapera
Com cipó entrelaçando as varas
Enfeitando com vaso, quartinha e jarra
Enquanto São Pedro observa

Dizendo Joca gostei muito
Desta sua decoração
Uma pegada matuta,rural
Uma arte quase rupestre
Um ambiente de mansidão

Amigo,infelizmente seguimos sem você
Que Deus te guie ternamente
Por toda eternidade
Estamos todos na orfandade
Com saudades de você eternamente…

 

 

 

José Alberto Maciel Oliveira – Representante comercial aposentado

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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