Adauto José de Carvalho Filho
Quando Deus fez o mundo redondo tinha suas razões. O homem é incapaz de ser verdadeiro consigo mesmo e sempre avança e recua em seus posicionamentos. As instituições não agem diferentemente. Elas são reflexos da incoerência humana e do seu jeito sanfonado de agir. Já é popular que “a maior ambição do homem é querer uma boa colheita sem nada ter plantado”.
O Brasil vive um período onde essas assertivas são verdadeiras. O atual governo, capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que em décadas passadas virilizava todo o sistema de governabilidade do país com a manipulação da classe trabalhista, com ou sem causa, para greves, confrontos, instabilidades políticas e todos os males que afligem um país que conta com uma oposição tendenciosa ou inconsequente. O feitiço vira contra o feiticeiro. Com esse ditado, tempos atrás, se justificava todo revés de planos traçados.
O feitiço virou contra o PT.
Acho hilário que centrais sindicais e assemelhados, tradicionais centros de mobilização do PT, amargando altos índices de desemprego e baixo desempenho da economia, fazer protestos meia boca. Reivindica do Governo e, incoerentemente, tenta mascarar certo apoio ao governo, numa prova que no país, o sistema sindical, como o político, apodreceu e deixou de cumprir com suas missões institucionais, que é a defesa do trabalhador, para se postar em cima de um muro que, a cada dia, ameaça cair. E, por não serem honestos em seus propósitos agora, essas instituições voltarão a fazer uma oposição irresponsável e meramente partidária como sempre aconteceu.
Alguns líderes sindicais, que hoje ocupam o parlamento, fazem oposição sem discurso, pois tudo o que possa dizer é o contraponto da mentira odiosamente verbalizada nas manifestações do passado. Quando um homem perde sua palavra e instituições seu discurso, é preciso repensar o futuro. Hoje vivemos o país dos líderes silenciosos por não ter capacidade para explicar a derrocada do país no período em que esteve em suas mãos.
Pior, além de uma flagrante derrocada, um enlameamento de se histórias de instituições e biografias de homens que eram arautos da honestidade pessoal e comprometimento com a coisa pública. O termo coisa nunca foi tão bem colocado. Em nome de causas sem propósitos ou meramente corporativistas e a falta de escrúpulos desses homens e instituições, o Brasil amarga uma decepção internacional. Não apenas lograram os interesses nacionais como se locupletaram das intenções internacionais e, pasmem, talvez seja pela influência de países estrangeiros que, talvez, o poder judiciário brasileiro se movimentará. Por enquanto está camuflado ou entrincheirado. Duas posturas que não se espera do mais importante dos três poderes da República.
O resultado é um tiroteio de meias verdades. Todos de calam ou se defendem acusando outros e com a celeridade dos fatos os outros serão tantos que não restará em que por a culpa para salvar os verdadeiros culpados. É uma vergonha se assistir um telejornal, ler um jornal ou revista, e se deparar com o descaramento e a dissimulação em que se transformou o Estado brasileiro e suas autoridades de podres poderes. Não tem um poder que se sobressaia. Não tem um poder que não esteja calculando o próximo passo, como se estivessem atravessando trechos de suas próprias e falsas existências recheados de minas de guerra. Quando tudo é falso e essa é a realidade dos poderes da República brasileira, fica difícil saber quando explodirá uma mina ou quando alguém empurrará outros para que se espatife na explosão das minas. O que era sinônimo de prosperidade passou a ser da calhordice que se infiltrou no poder.
Os argumentos de defesa e acusação se exauriram. A mentira que supostamente explicava fatos em fatos em apuração caiu como prova nos fatos seguintes as autoridades brasileiras, quase todas, desculpem a generalização, transformam-se num bando de pinóquios sem a ludicidade das fábulas e com a esperteza das raposas ou o escárnio das hienas. O quadro é zoológico e endêmico. Os nossos homens públicos se transformaram em algo tão contagiante que ultrapassou todos os limites, em especial, o da vergonha nacional. Além de incompetentes são burros. Se fossem a feitos a livros ou a orelhas saberiam a mais tola das afirmativas: “tudo é como o corpo humano. Se cuidar bem duras até a morte”. Eles não cuidaram e tornaram o suicídio irreversível. Só falta uma autoridade com algum predicado republicano para chutar o tamborete.
Acho que vão morrer de inanição.
Adauto José de Carvalho Filho – AFRFB aposentado, pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, Consultor de Empresas, Escritor e poeta.