PARQUE DE DIVERSÕES –
Durante todo um semestre, ministrando aulas de fisiologia humana, disse aos alunos que nosso corpo busca a homeostasia, o equilíbrio. Usei a figura da gangorra inúmeras vezes para demonstrar que, no momento que um vírus ou bactéria nos invade, o organismo procura meios para eliminá-los, buscando incansavelmente voltar à situação de saúde.
Em vários momentos nesta pandemia, disse às amigas que procuraram em mim uma palavra de consolo por se desestruturarem diante do caos inesperado, que a vida era uma roda gigante. Hoje estamos aqui pertinho do chão, mas espera um pouco que a gente está subindo, as coisas vão se acalmar…
Algumas pessoas ao longo dos dias me procuravam e diziam não aguentar mais os baques da vida. Olhava-as com carinho e respondia que, em certos momentos, a vida é como aqueles carrinhos bate-bate nos parques de diversão. A gente está se divertindo, gargalhando e… BUM! Vem alguém e colidimos de frente. O carro não vira, mas podemos perder alguns minutos parados tentando fazê-lo andar novamente, depois de achar o caminho mais coerente. E, quase sempre, observe isso!, precisamos de um empurrãozinho de alguém para voltar a andar.
Então, percebi divertindo-me que a vida é uma grande montanha-russa mesmo. Subimos lentamente, descemos velozmente, damos loops, entramos em túneis escuros, caímos em lagos artificiais e nos molhamos mesmo sem esperar, seguramos a barra de segurança com força ou a mão de nosso companheiro de diversão.
A diferença entre cada um de nós é que alguns se amedrontam e fecham os olhos. Não enxergam a paisagem. Vão adiante sem saber como e porque chegaram aqui ou ali. Enquanto outros, os sábios, jogam as mãos para cima, riem de cada volta e curtem o vento no rosto, aproveitando cada solavanco.
Resta-nos escolher qual deles nós seremos…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, professora universitária e escritora