DALTON MELO DE ANDRADE

Dalton Mello de Andrade

Dizem que os brasileiros não sabem votar. Pelé, tempos atrás, foi taxativo; ainda me lembro do que ele disse. Eu mesmo tenho dito isso, e há momentos em que toda essa maledicência se confirma. Elegemos e reelegemos figuras corruptas às pampas, embora a evidência dessa corrupção esteja palpável.

Desta vez, minha preocupação é outra. Como curioso que acompanha o que vai pelo mundo, especialmente nos EUA, onde vivi dias de politica conturbada, tento me manter a par dos acontecimentos. Quando morei lá, assisti desde a renuncia de Nixon, a prisão do governador do Estado onde morava, Maryland, por peculato, a prisão do prefeito de Washington, por consumo de drogas, entre outros casos menores. Mas, uma fama havia: o povo sabia votar e esses nunca mais teriam nova chance. Parece que não é mais assim.

A presente disputa pela Presidência, em pleno processo, tem mostrado fatos irreverentes, para não dizer estranhos.  Dentre essas aberrações, temos a candidatura de Donald Trump. Em inglês, “trump” quer dizer “trunfo”, como no jogo. Quem tem um trunfo, tem meio caminho andado para vencer o jogo. E parece que é o que está ocorrendo no momento, com vitórias sucessivas de Trump na maioria das primárias nos diversos estados onde vêm se realizando.

Declarações estapafúrdias, agressivas, grosseiras, sem sentido, racistas, fascistas, xenofóbicas, todas que deveriam espantar um eleitor com bom senso, mas que vem votando nele e que o levam a cada vez mais perto da candidatura republicana. Mesmo com concorrentes razoáveis, mas que, a bem da verdade, não muito atraentes.

Suas “tiradas”, cheias de ameaças, mas feitas com certo humor, têm me lembrado do Pato Donald, figura de Disney que divertia pela irreverência, palavras ocas, e mais das vezes sem maior sentido.

E aí me pergunto. Será que os americanos não sabem mais votar? A eleição de uma figura como o Pato Donald será uma ameaça não só para os EUA, mas para o mundo, pela posição de liderança que o país ocupa, ainda que venha perdendo parte dessa hegemonia. O presidente Obama, se referindo a possível eleição do Pato, disse não acreditar que ele ganhe, pois confia no povo americano. O mesmo digo eu. Sua vitória seria um desastre anunciado. Não é um “trunfo” de maneira nenhuma.

A esperança está nos democratas. Para mim, Hillary é a candidata preferencial e que tem tudo para ser eleita. Mas o seu concorrente à escolha do Partido Democrático como candidato possível, embora menos conhecido, é muito melhor do que o Pato Donald. É aguardar para ver. Esperamos que os americanos não tenham que pagar o pato, e muito menos o resto do mundo.

Dalton Mello de AndradeEx-secretario de Educação do RN

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