PATÓPOLIS É AQUI –
Alguém se lembra das histórias de tio Patinhas? Um milionário, miserável, que nadava em dinheiro (literalmente), mas nunca comprava nada, “pirangava” e vivia para proteger uma fortuna que nunca lhe serviu? Pois é, tio Patinhas é o Brasil.
De forma igual ao dinheiro de tio Patinhas que nunca lhe valeu, nem aos seus, o mesmo acontece aqui.
Aqui possuímos fortunas em matérias-primas, poderíamos produzir praticamente qualquer produto, somos autossuficientes em diversas coisas, mas não sabemos colher os louros da abundância e mendigamos dos “países de primeiro mundo” o know-how, a tecnologia e, principalmente, a aprovação de outros países. É uma prática antiga. Para sermos reconhecidos pela Inglaterra como país independente de Portugal, tivemos que pagar-lhe uma pequena fortuna, dando início à famigerada “dívida externa”. Depois nosso açúcar, café e ouro que se foram.
Nossa flora, nossa fauna e os melhores intelectos e atletas são gentilmente acolhidos por diversas nações que souberam reconhecer a importância do ditado que prega que “santo de casa não faz milagre”. Os nossos.
São tirados de nós, todo dia, pedacinhos da Região Amazônica, sob a tão esfarrapada desculpa de globalização de conhecimentos. São subtraídos dos acervos descobertas arqueológicas e culturais. Ficam perdidos, em poucas e sombrias lembranças, ícones de inteligência e força, que hoje possuem outra naturalidade e prestam valorosos serviços a nações que não são a que lhes concebeu, nem a que lhes ignorou.
Estamos sedimentando um país sem memória, sem passado e sem tesouros. As novas gerações serão criadas no mesmo ritmo de desapego ao nosso passado, nossas riquezas, nossos heróis. Ainda há tempo para mudarmos e dar início ao processo de resgate e valorização. Comecemos já a respeitar o passado e planejar o futuro. Vamos apoiar os atletas, os artistas, os heróis. Vamos cultivar e preservar nossas raízes para não nos tornarmos um povo frágil, num mundo sem fronteiras. O futuro agradece.
Ana Luiza Rabelo – Advogada ([email protected])