PAULO CÉSAR PINHEIRO: O MENINO POETA E COMPOSITOR –
Nos meus escritos, tenho demonstrado o apreço, a minha seletividade com a música popular brasileira, procurando sempre identificar e revelar com propriedade e justiça os seus autores, os seus criadores, na maioria vivendo na vala da escuridão do esquecimento.
Paulo César Francisco Pinheiro (Paulo César Pinheiro), Paulinho, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de abril do ano de 1949, mais precisamente na localidade de Ramos, próximo ao Complexo do Alemão.
Poeta, compositor, letrista, escritor e teatrólogo; começou a escrever poesia ainda muito jovem.
Compôs a sua primeira canção com 14 anos, em parceria com João de Aquino,— “Viagem”, gravada em 1972 por Marisa Gata Mansa.
“Oh, tristeza me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar”.
Aos 15 anos iniciou sua parceria com o compositor e instrumentista Baden Powell. O primeiro trabalho dos dois juntos foi com a canção “Lapinha”, sucesso interpretado na belíssima e vibrante voz de Elis Regina, quando ganhou a 1ª Bienal do Samba da TV Record de São Paulo em 1968.
No mesmo ano compôs em parceria com Francis Hime, “A grande ausente”, defendida por Taiguara no III Festival da Música Popular Brasileira; novamente com João de Aquino fez “Saragana”, interpretada por Maria Odete; e “Anunciação” defendida pelo conjunto vocal MPB 4.
Entre os anos de 1960 e 1970, encontrou e desenvolveu a sua formação de letrista de samba na boemia carioca.
No ano de 1971, foi vencedor do IV Festival Universitário da Música Popular Brasileira, com a música “E lá se vão os meus anéis”, em parceria com Eduardo Gudin, interpretada pelo conjunto Os Originais do Samba.
Em 1972, com Baden, venceu o I Festival de Música Internacional em Madri, com a música “Diálogo”.
No ano de 1974, foi lançado pela gravadora Odeon, quando gravou seu primeiro disco como intérprete, com destaques para as canções: “Maior é Deus”, “Besouro Mangangá”, “Pesadelo” e “Cicatrizes”.
No ano de 1975, casou-se com a cantora mineira de Paraopeba, Clara Nunes, quando passou a compor quase que exclusivamente para sua parceira intérprete, com destaques para “Menino Deus”, “Canto das três raças”, “Um ser de luz”, “Lamento do samba” e muitas outras.
A união permaneceu até o ano de 1983, quando do inesperado incidente cirúrgico que culminou com morte da sua jovem esposa.
Em 1985, teve o seu segundo casamento com a musicista Luciana Rabello, irmã de um dos maiores violonistas do país, Raphael Rabello (1962-1995).
Em 2002, recebeu o Grammy Latino, — Melhor Canção — “Saudade de amar”.
No ano de 2003, recebeu o Prêmio Shell pelo CD “Lamento do Samba”.
Foram e são ainda seus parceiros: João de Aquino, Baden Powell, João Nogueira, Pixinguinha, Tom Jobim, Francis Hime, Ivan Lins, Edu Lobo, Toquinho, Lenine e muitos outros astros da música popular brasileira.
Na literatura, publicou vários livros de poesias e outros gêneros. Destaque para: Poemas Escolhidos, Canto Brasileiro, Viola Morena, Atabaques e Violas e Bambus.
Gravou, em parceria com João Nogueira, em 1980, o grande sucesso “O poder da criação”; com Edu Lobo, em 2010, “Tantas marés”; ”Tou voltando”, com Maurício Tapajós; e “Samba do Perdão”, com Baden Powell.
Nos anos duros da ditadura, da censura impiedosa e ferrenha, chegava a burlar seus algozes censores com metáforas:
Você corta meu verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo eu escapo morto
De repente olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo o troco.
Costuma se apresentar como filho do cantor-compositor Nelson Cavaquinho (1911-1986), pelo carinho, pela admiração e pelo amor que tem pelo velho amigo mangueirense.
Recluso à mídia, prefere caminhar sem ser notado. Detesta holofotes; quem sabe, o anonimato seja o seu combustível maior para a criação de suas poesias e das suas belas canções.
Uma curiosidade final: tinha como certa uma promissora carreira como jogador de futebol; perdemos um bom jogador, porém, ganhamos um dos mais brilhantes compositores (saldo positivo para nós) com mais de mil canções gravadas.
Completou, no dia 28 de abril do ano de 2020, 71 anos. Vida longa, Paulinho!
Berilo de Castro – Médico e Escritor, berilodecastro@hotmail.com.br
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