Pazuello não faz menção aos 105 mil mortos pela Covid-19 no Brasil em reunião com a OMS
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, participou de uma reunião com a OMS. E, ao apresentar um balanço da atuação do governo na pandemia, não fez nenhuma menção aos mais de 105 mil mortos pela Covid.
Eduardo Pazuello preferiu destacar quantos brasileiros se recuperaram da Covid. Na declaração para a Organização Mundial da Saúde, o ministro interino falou das compras de medicamentos, aumento do número de leitos de UTI, disse que o sistema público de saúde está preparado e que as ações do governo para combater a pandemia estão corretas.
“Equipamos nosso sistema de saúde para responder à altura a essa pandemia, assegurando atenção médica e tratamento adequados a todos os que precisam. Estamos entre os líderes mundiais em pacientes recuperados, o que evidencia o acerto das ações do governo brasileiro em resposta à pandemia”, disse.
Mas, segundo o presidente do Conselho Nacional de Saúde, a explicação para o número alto de recuperados é porque o Brasil apresenta também um número elevado o de infectados. E ainda lembrou que existe subnotificação.
“Se nós tivéssemos um plano nacional de enfrentamento à Covid, tratado entre todas as esferas de gestão e também com participação do controle social, certamente milhares dessas vidas teriam sido salvas”, afirmou Fernando Pigatto.
O ministro também falou com deputados e senadores da comissão que acompanha as ações do governo no enfrentamento à pandemia. Eles cobraram o ministro em várias questões, principalmente pela falta de medicamentos para a intubar os pacientes nas UTIS.
“A demanda, a reclamação, ela parecer insistir, o que se pode ser feito a mais com relação a esses equipamentos, em especial, para intubação em quantidade compatível com a expectativa de demanda no sistema de saúde”, disse o deputado Francisco Júnior, do PSD/GO, relator da comissão.
Pazuello reconheceu que houve falta de medicamentos, mas disse que kits de intubação já foram distribuídos e que a partir desta semana, estados e municípios vão receber novas remessas vindas do exterior. Informou também que foi feito um pregão eletrônico para dar estabilidade para o fornecimento desses remédios, a partir de agora.
Os parlamentares lembraram que o Tribunal de Contas da União apontou que os recursos para o combate à Covid estavam sendo usados em ritmo lento. Pazuello informou que usou 56% do que foi destinado à pandemia e que o restante vai ser repassado ao longo dos próximos meses. De acordo com o ministro, R$ 25 bilhões ainda vão chegar aos fundos municipais e estaduais de saúde.
O ministro falou também sobre vacinas. Disse que o governo está acompanhando todos os projetos que estão surgindo, inclusive a vacina russa, que ainda não apresentou, segundo ele, informações seguras.
“Nós estamos atentos a vacina russa e caso essa prospecção seja positiva, nós devemos também participar. Eu posso afiançar os senhores que a AstraZeneca com Oxford ainda é a nossa melhor opção, estamos nela, e vamos fazer a contratação, acredito que até na próxima sexta-feira já com o pagamento, já com o empenho de recursos para a empresa AstraZeneca”, explicou.