PEDALAR PARA A VIDA –
Nesse mundo cheio de modernizações permanentes e constantes, de inovações as mais inusitadas e inimagináveis; o homem vive a era das viagens turísticas espaciais oferecidas por empresas privadas; conhecer e passear na lua, “desfrutar” do calor de Marte; enaltecer a precisão da cirurgia robótica; o uso das últimas gerações de ultra computadores, atirando em todas as frentes. Estamos, sim, vivendo o Mundo “Moderno de Charles Chaplin”, que beleza!?
Em uma outra visão, estamos assistindo o aumento substancial da população idosa, graças às simples mudanças nos hábitos de vida, com ênfase para a reeducação alimentar, com a atividade física regular e bem orientada, com a prática da leitura, do exercício da escrita, tudo isso aliado à imunoterapia vacinal aplicada regularmente, eis a boa e indispensável lição para uma aproveitável longevidade com qualidade de vida, sem grandes custos.
Por outro lado, algo me apareceu na contramão dessa boa abertura de vida saudável. Trafegando na orla praiana de Areia Preta, deparo-me com um exercitante bem aparelhado e confortavelmente montado, locomovendo-se em uma bicicleta elétrica (hoje bike, valei-nos Woden Madruga e Ariano Suassuna). Achei estranho, e voltei a pensar no que havia comentado no início do texto.
Tracei um paralelo e imaginei: se a moda pega, passaríamos a ter que usar motores em máquinas esportivas, aquelas que exigem de nós força, empenho e dedicação para mantermos os músculos, os ossos, enfim, o nosso corpo saudável e a nossa mente sã. Já pensou os barcos de competição (as ioles) munidos de potentes motores? Não teria graça alguma a disputa dessa regata de rio afora, sem o uso da força da forte musculatura de seus remadores. Já pensou as academias de ginásticas motorizadas (tudo na base da eletricidade), ninguém se exercitaria a contento, as musculaturas não reagiriam tão bem. Tudo elétrico? Ninguém suaria! Não haveria mais esforço! Seria bem estranho e até doentio. Não acha? Lembra bem a história daquele vizinho que pagava ao seu secretário para correr 10 km três vezes por semana por ele e se sentia o “bicho forte e varonil”.
Concluo com um só conselho para o nobre e acomodado morador da orla da praia de Areia Pedra: encoste de uma vez por todas essa bike elétrica e compre uma bicicleta pé duro e “caia” nas ciclovias; vá desfrutar da boa, bela e salutar atividade muscular e ganhar em troco uma longevidade cheia de músculos ativos, mente leve e fresca.
Despreze a sua moderna e sofisticada bike elétrica e ganhe vida pedalando.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]