PEDRO II REPUBLICANO E DEODORO MONARQUISTA – Ney Lopes

PEDRO II REPUBLICANO E DEODORO MONARQUISTA –

Comemora-se a proclamação da República no Brasil.

Acontecimento que se assemelha a uma ficção histórica.

Isto porque, o proclamador Deodoro da Fonseca era monarquista ferrenho e D. Pedro II republicano.

Embora tenha ocupado o trono brasileiro por 49 anos, o imperador Pedro II tinha alma republicana.

O Marechal Deodoro da Fonseca era amigo pessoal de D. Pedro II e, ao contrário, tinha fortes convicções monarquistas, embora passasse para a história como o fundador oficial da república brasileira.

A sua participação na conspiração foi estratégia dos republicamos, que usaram a sua fama de herói da Guerra do Paraguai como uma liderança carismática para o golpe.

O planejamento e conspiração da transição da Monarquia para a República ocorreu de portas fechadas, onde políticos, acadêmicos e militares discutiam modos de espalhar os ideais republicanos

Em 15 de julho de 1889, D. Pedro II sofreu tentativa de assassinato, enquanto saía de um concerto no Rio de Janeiro.

Adriano Augusto do Valle, um republicano português, se aproximou do Imperador e começou a disparar contra ele enquanto gritava frases de exaltação à república.

Nenhum dos tiros atingiu o Imperador e Valle foi preso.

Meses antes da proclamação, Deodoro trocou correspondência com o sobrinho Clodoaldo Fonseca, integrante da chamada “mocidade militar” liderada por Benjamin Constant e ardoroso defensor da república.

O Marechal refutou as ideias republicanas do familiar, escrevendo: “O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia. Se mal com ela, pior sem ela”.

Mesmo em tais circunstâncias, ele acabou atraído pelos republicanos, no dia 14 de novembro de 1889, quando se propagou rumor falso a respeito da sua prisão e do desmanche do Exército por ordem do Visconde de Ouro Preto.

No dia seguinte, Deodoro soube da nomeação pelo Imperador do seu inimigo Gaspar Silveira Martins, como o novo Primeiro-Ministro do Império.

Essa foi a gota d’água para prosseguisse no golpe, que derrubou a monarquia.

A decisão de Fonseca de derrubar o governo que apoiava ocorreu para evitar que seu inimigo assumisse um dos mais importantes cargos do governo.

Outro fator que acelerou a proclamação da República foi o desejo do Exército brasileiro de participar do poder e da política nacional.

Isto ocorreu a partir do término da Guerra do Paraguai (1864-1870).

Os militares passaram a entender que são defensores da Pátria e mereciam um espaço dentro da esfera política da nação.

Algumas censuras existiam e que o Exército desejava abolir, tais como, a proibição do voto aos soldados em 1881, e a vedação que membros das forças armadas  manifestassem suas opiniões em jornais.

Tais fatos fizeram com que o alto escalão do Exército começasse a simpatizar e se inspirar nas ideias positivistas do filósofo Augusto Comte e se organizar com os políticos republicanos da época.

No dia fatal, 15 novembro de 1889, o Marechal doente com problemas respiratórios saiu de casa praticamente carregado por seus companheiros.

Foi o republicano José do Patrocínio que se dirigiu à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, presidindo o ato solene de proclamação da República.

A Proclamação da República foi resultado de uma articulação entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia.

Havia também descontentamento entre elites emergentes com a sub-representação na política da monarquia.

Deodoro da Fonseca assinou um contrato provisório que lhe daria autonomia para governar o país até que fosse elaborada uma nova Constituição, já que a antiga ainda defendia a Monarquia como principal forma de governo.

Deodoro da Fonseca derrubou a monarquia mais por ressentimentos pessoais, do que por convicções ideológicas.

No primeiro momento a proclamação da república abriu caminho para uma política que privilegiaria oligarquias, principalmente os agricultores, representantes de cafeicultores.

Posteriormente, os fatos políticos se sucederam e ficou provado que a proclamação foi acontecimento necessário para a caracterização do Brasil como Nação soberana.

 

 

 

 

 

Ney Lopes – jornalista, advogado e ex-deputado federal, nl@neylopes.com.br

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