O EQUÍVOCO DE FUKUYAMA –
Fukuyama é um grande intelectual. Mas, só entende do Brasil formal. Já o Brasil real passa longe de suas análises.
Ele lembra que a democracia liberal assenta-se sobre três pilares: a) um Estado que concentra poder e o usa para o bem de seus cidadãos; b) igualdade de todos perante a lei, e c) mecanismos de controle de poder–dentre eles eleições livres.
O perigo, segundo ele, estaria no fato de líderes populistas usarem este poder para corroer os outros dois. A democracia seria o grande inimigo da democracia, como escrevi no livro “FHCA, forças armadas e polícia–entre o autoritarismo e a democracia”, em 2005. Infelizmente, o professor não tomou conhecimento de minha publicação.
Pois bem Fukuyama, antes do surgimento de Bolsonaro o Estado já não trabalhava para o bem estar de seus cidadãos. Ao contrário, o Estado predava a sociedade via corrupção ou impostos escorchantes. E em troca quase nada oferecia.
Antes de Bolsonaro surgir já persistia a desigualdade perante a lei. Temos cidadãos de primeira, segunda e terceira categoria. Uma rápida visita às decisões do STF atestaria isto.
Antes de Bolsonaro surgir os mecanismos de controle já estavam avariados. Basta analisar como funcionam nossas polícias e prisões e etc.
Bolsonaro não é causa, mas consequência de nossas mazelas.
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE