1- Certa vez viajei para conhecer o Pantanal. Bela viagem. Ouvi de um pantaneiro a seguinte frase: “se eu estiver me afogando, eu me agarro até com um jacaré!”
Lembrei-me desta frase ao descobrir que Bolsonaro entregou o FNDE, um dos maiores fundos de educação pública da América Latina, a Garigham Amarante Pinto. Indicado por Valdemar Costa Neto, preso na Lava Jato por corrupção. Dias antes, havia indicado Arthur Lira para presidir o Banco do Nordeste, que foi preso por corrupção passiva.
Sem contar o novo aliado in pectore de Bolsonaro, o atual presidente nacional do PTB que, também, foi preso por corrupção.
É possível limpar o chiqueiro sem retirar os porcos?
2- Olhem o que um professor da USP publicou em jornal da grande imprensa: “Teich foi elevado por Bolsonaro ao ministério com a missão de fabricar mais desordem, sabotando nossas últimas oportunidades de coordenar o combate à epidemia. Mas ele sabotou o sabotador, ao oferecer um esboço de diretrizes comuns”.
Não sou advogado de Bolsonaro, apenas luto para que o debate se dê com paridade de armas. Como o mencionado sabe a intenção de Bolsonaro? O que o presidente ganha fabricando mais desordem? Sabe que mais desordem pode favorecer a esquerda e/ou setores mais radicais à sua direita.
É preciso ter uma mente muito conspirativa para dizer algo desse tipo.
3- Como o rodízio de automóveis fracassou em São Paulo, o prefeito tentará o rodízio nas escolas públicas e privadas.
Os alunos virão nos dias ímpares e os professores nos dias pares.
Baseou-se na ciência para tomar esta decisão.
4- A desculpa encontrada pelo Ministro Luis Roberto Barroso para manter os diplomatas venezuelanos no Brasil tem tudo para concorrer ao campeonato de disparates do ano.
Ele reconhece caber ao presidente a decisão político-administrativa de expulsão de tais diplomatas; porém, eles devem permanecer “em território nacional enquanto durar o estado de calamidade pública e emergência sanitária reconhecido pelo Congresso Nacional”.
Segundo o ministro, a expulsão “exporia os diplomatas venezuelanos a uma longa viagem por terra, cruzando estados brasileiros em que a curva da doença é ascendente e os hospitais estão lotados”.
Quem disse que a viagem Brasília-Caracas teria de ser feita por terra? Em que século o ministro vive? Será que não existe algum avião que possa transportar os diplomatas para seu país?
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago; Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE; Consultor da Empower, Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político
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