1- A cloroquina segue dividindo as opiniões, ao ponto de termos um cardápio médico de fazer pirar a cabeça de qualquer leigo, pela sua divergência. Vejamos as indicações:

Cuidados com a cloroquina

1) proibido tomar cloroquina até que pesquisas randomizadas e com “duplo cego” sejam realizadas;

2) tomar cloroquina de modo profilático;

3) tomar cloroquina apenas nos estágios iniciais do covid-19;

4) tomar cloroquina somente nos estágios mais avançados.

Com qual alternativa você fica?

Entendeu o que é andar no fio da navalha científica? Bobeou…

2- Você acredita em coincidências? Pois bem, lá vai uma.

O governador de Pernambuco, ferrenho opositor de Bolsonaro, era contra o uso da (hidroxi)cloroquina, sob o argumento de que não havia testes científicos que comprovassem sua eficácia.

Neste último domingo (17/5/20), Paulo Câmara anunciou a liberação do remédio. No dia seguinte (18/5/20), veio a público anunciar que contraiu o covid-19.

3- Uma epidemia de “cientificismo” está sendo espalhada por Governadores de Estado. Eles se lastreiam em cientistas que esquecem que a epidemiologia também é uma ciência social.

Em época de paz, os rigores do conhecimento científico não podem ser iguais aos do “período de guerra”. No momento, não há tempo para se cumprir o prazo protocolar dos testes e esperar que o paciente não morra.

Fico com a afirmação de Laurent Kaiser, chefe do Departamento de Doenças Infeciosas do Hospital Universitário de Genebra:

“Temos que admitir que em uma epidemia como essa, temos que trabalhar com o desconhecido. Portanto, não é porque um medicamento não tenha necessariamente demonstrado ser totalmente eficaz que não deve ser administrado, se a balança for a favor da dúvida”.

 

 

 

Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago; Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE; Consultor da Empower, Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político

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