Trumpismo veio para ficar: Quase metade dos eleitores quer que presidente dos EUA continue com protagonismo –
1- Joe Biden obteve significativa vitória eleitoral. Não obstante, tanto Trump quanto o Partido Republicano alcançaram grandes sucessos políticos. Explico. O Partido Democrata esperava triturar tanto o presidente como seu partido. Afinal, os democratas haviam reconquistado a Câmara de Deputados, em 2015, e os EUA perderam mais de 250 mil pessoas vitimadas por uma pandemia mal administrada por Trump. A taxa de desemprego em abril era de 3,5%. Subiu, em outubro, para 14,7%. Por isso, falava-se em uma “onda azul”, cor do Partido Democrata, nestas eleições.
2- No entanto o que se viu foi uma eleição disputada e algumas surpresas. O Partido Republicano ganhou quatro cadeiras na Câmara, insuficientes para recuperar o controle perdido em 2015. Ao que tudo indica, fará maioria no Senado. A personalidade tóxica de Trump pode não agradar a muitos, mas quase metade dos eleitores quer que ele continue com protagonismo na política do país. E 93% dos republicanos o querem como líder. Ele teve quase onze milhões de votos a mais do que em 2016.
3- Com todas estas adversidades, perto de 74 milhões de americanos votaram em Trump. Ele pode ter perdido a batalha, mas as raízes do conservadorismo são mais fortes do que se imaginava. Como explicar isso? A resposta não é fácil. Embora seja considerado por muitos como um supremacista branco, Trump obteve a maior votação de não brancos dentre qualquer candidato republicano desde Richard Nixon. Assistimos ao final do clichê do “voto latino”. Latinos não votam homogeneamente. São mais de 50 milhões de pessoas oriundas de países distintos. Seus interesses são variados como os de qualquer outro grupo. Na Flórida, os latinos apoiaram Trump. No Arizona, ficaram com Biden. O rico cubano que vive na Flórida pouco tem a ver com o varredor de rua oriundo do México. O mesmo pode-se dizer sobre o voto negro.
4- Ao contrário do que os democratas previram, o fato de os EUA estarem diminuindo sua população branca não carreou, automaticamente, mais votos para o partido. É que há uma redução na expectativa de vida dos brancos com média escolaridade, fruto do aumento dos índices de suicídios, mortes por alcoolismo e consumo de drogas. Isso ocorre em intensidade nas pequenas e médias cidades que dependiam dos empregos industriais afetados pela globalização. Trump, que é um homem de instintos e menos reflexão, tal qual Bolsonaro, soube exacerbar esta situação. E continuará a fazê-lo explorando a baixa mobilidade social desses trabalhadores, o aumento da desigualdade de renda e o fim da ideia de que a geração dos filhos será sempre mais próspera que a dos pais. Trouxe para o centro do poder a novidade do discurso populista e da “corrupção das elites”. Será que Biden conseguirá reverter esta situação estrutural?
5- Até o momento em que escrevo, Trump ainda não reconheceu a vitória de Biden. Contudo ele sabe que perdeu a eleição, mas faz o “jogo duro constitucional”. Joga dentro das regras, esticando-as ao máximo. Seu jogo se dá dentro do Judiciário, o que é direito seu. Estuda um modo de sair do governo sem sair da ribalta. Pouco se importando com a deselegância de suas atitudes. Trata de fortalecer seu controle sobre o partido e passará o rodo em tradicionais lideranças como George W. Bush, Robert Dole ou Mitt Romney. Seus adversários nas primárias de 2016, Ted Cruz e Marco Rubio, já deram sinais de aceitar a liderança de Trump. Idem para o senador Tom Cotton. Almejam herdar o espólio do trumpismo sem Trump. Como são jovens, podem esperar caso Trump não queira se recandidatar em 2024. Uma coisa é certa: o trumpismo veio para ficar.
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE
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