1- O Congresso Nacional prepara-se para votar uma lei orgânica da Polícia Militar. Algumas propostas positivas outras nem tanto.

No entanto, o inaceitável democraticamente continuaria intacto. A PM continuaria sendo uma força auxiliar do Exército Brasileiro. O que garante o controle do EB sobre a PM.

Um dos trunfos da criação do estado moderno foi a separação entre a polícia e o exército. Esta mentalidade, todavia, ainda não chegou ao Brasil.

2- Trump: ascensão e queda

Trump perdeu a eleição presidencial, contudo, obteve várias vitórias políticas. Nunca um candidato republicano ganhou tantos votos quanto ele. Trump obteve 12 milhões de votos a mais do que na primeira campanha. A Câmara de Deputados elegeu mais deputados republicanos. No Senado dependia da vitória de uma entre as duas vagas em disputa na Georgia para obter a maioria. Trump emergiu como o grande líder de seu partido e sua candidatura à reeleição em 2024 era a favorita. De repente, colocou tudo a perder. Inclusive a eleição na Georgia. O que houve?

Trump contestou o resultado da eleição alegando fraude. Um direito seu e escolheu a justiça como campo de disputa. Como reza o protocolo democrático. Depois de vários meses, não surgiu qualquer evidência sólida de fraude eleitoral apesar das mais de 50 ações judicias impetradas por sua equipe. Era hora de parar. Contudo, Trump se insurgiu contra as regras democráticas. Dizia querer salvar a democracia, mas na verdade revelou ser um mau perdedor e passou a sabotar o jogo democrático. Tentou que os delegados republicanos no Colégio Eleitoral não reconhecessem a vitória de Biden em seus estados; pressionou o secretário de estado republicano da Georgia a lhe conseguir onze mil votos para virar o resultado e, por último, apelou para que o Vice-Presidente, Mike Pence, não certificasse o resultado do Colégio Eleitoral. Pence mostrou-se leal a Constituição e não acatou o pedido presidencial. Evitou uma provável guerra civil.

A última cartada de Trump foi a passeata em Washington e a caminhada da Casa Branca ao Capitólio. Prometeu participar da mesma, mas ficou na residência oficial observando a manifestação que estava programada para ser feita na área externa do Congresso. Perdeu, todavia, o controle sobre a turba radical que ele tanto cevou. Não quis dar um golpe clássico. A oposição, rapidamente, impingiu-lhe a imagem de golpista. Este foi o preço de quem tanto esticou a corda política sem medir suas consequências. Trump não tem mais condições de ser presidente dos EUA. Quanto antes se for, melhor será.

 

 

 

 

Jorge Zaverucha – Doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é professor titular do departamento de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco. 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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