Menos, Demétrio –
Demétrio Magnoli é conhecido por suas posições pouco simpáticas ao estado de Israel. Direito seu. O que não pode é desinformar o público.
Quem tiver dúvida é só acessar aqui e verá o sociólogo dizer, em alto e bom som, que a proposta da ONU sobre a Partilha da Palestina, em 1947, previu a criação de um “estado Judeu—Israel que existiria ao lado de um estado palestino soberano e independente”. Falso. A reunião da ONU, presidida pelo embaixador Oswaldo Aranha, determinou a criação de um estado judeu e outro árabe. Não se usou a palavra palestino. A proposta não foi aceita por uma frente de países árabes e uma guerra irrompeu. Ao final, o futuro estado árabe foi abocanhado pelo Egito, Israel e Jordânia. Esta passou a controlar Jerusalém que, pelos termos da Partilha, deveria ser uma cidade internacionalizada.
Agora, desde sua bancada na Globo News acusa Israel de “zombar das convenções de Genebra”, por não estar vacinando os palestinos residentes na Cisjordânia e Gaza. Novamente falso. Israel não é “Potência ocupante” como reza a Quarta Convenção de Genebra. Os territórios conquistados em 1967 estão sob disputa legal já que não havia um poder soberano legalmente reconhecido. Até a Guerra dos Seis Dias (1967), a Cisjordânia, sob domínio jordaniano, não recebeu reconhecimento internacional sobre sua soberania. Israel conquistou Gaza do Egito, e depois a devolveu, por inteira, aos palestinos (2005).
Ademais, os Acordos de Oslo (1993) estabeleceram um regime jurídico pelo qual a Autoridade Palestina no Artigo 17-1 do Terceiro Anexo do Acordo de Oslo 2, assumiu “poderes e responsabilidades no campo da Saúde”. Mesmo assim, Israel já começou a transferir cinco mil doses da vacina para a Autoridade Palestina em Ramala.
Jorge Zaverucha – Doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é professor titular do departamento de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco