1- Repito não sou advogado de Bolsonaro. Acho que ele tem muitos defeitos, e é por esses defeitos que deve ser criticado; não por suas virtudes.
Já começa nas redes e na mídia uma campanha para tentar deturpar a fala do Presidente, no vídeo da reunião ministerial, associando-aos ditos de Mussolini e Hugo Chávez.
Chávez tinha um contencioso com os EUA e explorava o nacionalismo venezuelano contra suposta invasão norte-americana. Para parecer crível, disse que a população precisava se armar. E fez certo, considerando que Trump tivesse realmente essa intenção.
Já no caso de Mussolini, é comum que todo aspirante a ditador pregue que a população seja armada, para que tais armas possam ser utilizadas no assalto ao governante de plantão. Depois da subida ao poder, sua polícia secreta desarma aqueles que não eram fascistas de raiz e que tinham dado apoio pontual ao Dulce. Isto é válido para as ditaduras de esquerda e de direita.
Nos EUA, o filósofo John Locke escreveu ser um direito da população se armar, caso a liberdade, vida e propriedade estejam em perigo, e o Estado não consiga proteger o cidadão. São reflexões de um liberal.
A propósito, não sou desarmamentista, mas acho que Bolsonaro está exagerando no modo como quer armar a população. Nem todas as pessoas podem ser armadas. A começar pelos deficientes físicos e os que possuem ficha criminal.
2- Só conheço exemplos em que o lockdown funcionou em países que tomaram as medidas no tempo correto. Ou seja, logo que foi constatado o perigo do vírus. Ex.: Israel, Taiwan, Singapura etc.
Retiro o que escrevi caso alguém cite exemplos contrários. Enquanto eles não surgem, digo que o lockdown no Brasil não funcionará. Servirá simplesmente para arrasar a nossa economia.
3- No dia 8 de maio do corrente ano, colocamos este blog na rede. Hoje, apenas 16 dias depois, já atingimos a marca de mil visitantes.
Agradeço a todos vocês que me leem, que me seguem. Um incentivo para prosseguirmos no nosso trabalho, com amor e seriedade.
Meu maior objetivo é que as pensatas e críticas publicadas aqui sirvam para construirmos juntos um Brasil mais justo.
Um brinde a todos! Saúde!
4- Quando o General Heleno soltou a dura nota contra a mera ilação de que Bolsonaro deveria entregar seu celular institucional, havia a dúvida se esta fora uma atitude de um amigo pessoal ou se tinha lastro maior.
A tranquilidade de Heleno e a certeza com que Bolsonaro disse que não entregaria o seu celular apontavam para o apoio das Forças Armadas. O General não fala em nome das Forças Armadas como instituição. Contudo, o ministro da Defesa responde pelas mesmas
E, Fernando Azevedo e Silva, confirmou que tomou conhecimento da nota do General Heleno antes de ser publicada.
E que concordou com os termos da mesma.
Já se nota menos beligerância no comportamento de Celso de Mello. Parece, finalmente, ter entendido que a política gira em torno do poder e da ordem. Antes tarde do que mais tarde.
5- Montesquieu está ultrapassado no Brasil.
Quando o francês criou a ideia dos três poderes harmônicos, Executivo, Legilativo e Judiciário, lembrou uma faceta do Judiciário.
Seria o poder mais frágil pois seus membros, os juízes, não eram eleitos pelo voto popular direto. Sua assertiva foi falseada no Brasil.
Não é que nos idos de maio de 2020, é o STF que está se mostrando o poder mais arisco. Quer de todos os modos desgastar a figura do Presidente abrindo as portas para o impeachment de Bolsonaro. Afinal, quem controla o STF?
Jorge Zaverucha – Doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é professor titular do departamento de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco. Autor do livro “FHC, Forças Armadas e Polícia – Entre o Autoritarismo e a Democracia” (2005, ed. Record)