1- Nessa quarta-feira (8), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, divulgou nota oficial em que estima melhoras para o presidente da República, Jair Bolsonaro, que está com covid-19. No documento, Davi também repudia artigo publicado na imprensa sobre a torcida para a morte de Bolsonaro. Veja a íntegra do documento:
O presidente Jair Bolsonaro confirmou, nesta terça-feira (7), que testou positivo para covid-19. Em nome do Parlamento, estimo que sua saúde esteja logo e prontamente restabelecida.
Ao mesmo tempo, registro minha indignação, como homem público e cidadão, com o lamentável artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, assinado pelo jornalista Hélio Schwartsman, intitulado: “Por que torço para que Bolsonaro morra”.
Sou judeu e carrego comigo a dor da intolerância religiosa e sempre busco me posicionar de maneira firme no combate a toda e qualquer discriminação e, principalmente, contra atitudes raivosas, cheias de ódio e desprovidas de
humanidade. O respeito à vida deve vir acima de qualquer questão, seja ela política, ideológica ou de qualquer ordem.
O Brasil já perdeu vidas demais, já sofremos demais e essas perdas são irreparáveis. Logo, em um momento de tamanho sofrimento, precisamos mais do que nunca combater o ódio e direcionar nossos pensamentos e ações para o que temos de melhor como brasileiros que somos: a empatia e a solidariedade.
Ainda que haja discordâncias, faculdade admissível nos regimes democráticos, precisamos caminhar de mãos dadas com o respeito às instituições e às autoridades constituídas. Não há “consequencialismo” que deseje a morte de alguém como saída política para uma pandemia sanitária.
O único extermínio que se quer, e pelo qual devemos torcer, é o do vírus. Somente o fim do coronavírus pode impedir que o Brasil chore tantas perdas e a tragédia de tantas mortes.
Aguardando nota do Presidente da Câmara e do STF. Tal como Alcolumbre, o Hélio é judeu mas parece não ter aprendido nada com os valores do judaísmo.
2- No Brasil temos baixa confiança inter pessoal bem como em governantes. Sem isto, não se consegue obter uma democracia de alta qualidade. Vide os países escandinavos, e como eles combateram a pandemia.
Na crise os políticos se revelam. O falante prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, aos constatar que o corona vírus lhe pegou, não teve dúvida. Zarpou rumo ao Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Sou capaz de apostar que as despesas serão arcadas pelo contribuinte amazonense.
Embora Manaus seja banhada por rio, Virgilio parece ter esquecido a máxima indiana: “só se deve descaçar as sandálias na margem do rio”
3- Jornalista da Folha de S. Paulo escreveu um infeliz artigo “torcendo para que Bolsonaro morra”. Não sou jurista para dizer se ocorreu ou não algum crime. Meu ponto é outro.
Ele vai ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional (LSN) a pedido do Ministro da Justiça. O pedido é legal, e é este o problema. Como este “entulho autoritário” continua em vigor? Por que Argentina, Chile e Uruguai aboliram suas leis de segurança nacional, mas a mesma continua intocada no Brasil?
Como ainda há gente que tem a coragem de dizer que nossa democracia está consolidada e que as instituições funcionam a contento?
Espero que o artigo não seja enquadrado como crime político. Se for o caso, o jornalista corre o risco de ser julgado por um tribunal militar.
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE