1- Assisto estupefato a estéril discussão sobre quem é o responsável pelas milhares de mortes fruto do covid-19. Afora, as futuras mortes pois não sina de arrefecimento político entre os relevantes atores políticos.

Estamos presenciando um nefasto problema de falta de coordenação politica. Tanto as autoridades federais como as subnacionais apostam no jogo de confrontação por motivos políticos comezinhos. Todos olhando para 20222. O poder é mais importante do que salvar vidas.

Some-se a isto, uma sociedade que possui baixa confiança entre seus indivíduos e deles em relação aos seus governantes. Não há federalismo que dê certo nestas condições nefastas. O desastre é mais do que previsível.

2- Não sou jurista e posso estar escrevendo uma tremenda besteira abaixo.

Entendo as razões do ministro do STJ de soltar Queiroz. No entanto, sua esposa está foragida da justiça desde 18 de junho passado. Mesmo assim foi contemplada com uma decisão favorável sob a alegação de que Queiroz precisava de seus cuidados domésticos. Como se ele, não tivesse condições financeiras de pagar por cuidadoras. A decisão é em caráter liminar.

Quando o establishment perde a decência a renovação é inevitável.

3- O ministro da Justiça, André Mendonça, deu um a boa entrevista à revista Veja desta semana.

Um reparo, todavia. O ministro afirma que Bolsonaro “inaugura o início do que podemos chamar de um ciclo de consolidação da qualidade da democrática”. Menos, senhor ministro.

Bolsonaro não tem como primeira preferência a consolidação da democracia. Assim como vários dos integrantes do Judiciário e do Congresso Nacional. Os três poderes abusam em esgarçar o tecido democrático.

Dado as atuais condições de temperatura e pressão, devemos nos dar por satisfeitos se conseguirmos manter nossa semidemocracia, também conhecida por democracia eleitoral.

4- Gostaria de manifestar minha solidariedade com a Doutora Nise Yamaguchi que foi, temporariamente, suspensa de suas atividades no Hospital Albert Einstein.

Em nenhuma momento esta respeitada profissional fez qualquer declaração antissemita.

Tenho plena convicção que a diretoria deste exemplar hospital reavaliará, o mais rapidamente possível, sua equivocada postura.

5- Como adora holofotes, o ministro Gilmar Mendes não deixaria de passar a oportunidade de ocupar a ribalta.
Irritado com o fato do Ministério da Saúde ser ocupado por um general da ativa, Eduardo Pazuello, cravou: “É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”.

Não discutirei o mérito de sua observação. Mas, na qualidade de ministro deve se manifestar nos autos pois não é comentarista político. Gilmar deveria considerar-se impedido de julgar qualquer ação envolvendo o presidente Bolsonaro. Sua ética, todavia, é outra.

E fica a questão: como o Gilmar que pôr fim a isto? Tirando Bolsonaro da cadeira presidencial? O STF funciona melhor aberto ou fechado?

6- “Engordar” o estado brasileiro é muito fácil. Além de irresponsável na maioria das vezes. Já aplicar uma dieta ao mesmo, é tarefa hercúlea.

O trem-bala prometido para a Copa do Munda e que estaria em vigor em 2014, não se consumou. No entanto a estatal Valec a qual o projeto estava submetido, continua firme e forte.

O governo Bolsonaro pensou, em fevereiro de 2019, aprovar oficialmente a extinção da empresa. Para então iniciar o processo de liquidação da mesma. Nem um nem outro.

O ex-presidente Ronaldo Reagan afirmou que “se você não controla o governo, ele irá lhe controlar”.

 

 

 

 

Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE

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