O Ministro da Justiça, André Mendonça, precisa apresentar explicações sobre as mudanças ocorridas na Seopi (Secretaria de Operações Integradas) dirigida pelo delegado Jeferson Lisbôa Gimenes. A Dint (Diretoria de Inteligência) está a ele subordinada e é comandada pelo coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes, um ex-assessor especial do atual ministro da Justiça na AGU (Advocacia Geral da União).
Até a época do Ministro Sergio Moro a Dint era oficialmente “responsável por elaborar estudos e pesquisas para o aprimoramento das atividades de inteligência de segurança pública e de enfrentamento ao crime organizado”. A Seopi, por exemplo, foi encarregada da transferência de líderes do PCC para presídios federais.
Com a chegada de Mendonça houve uma mudança radical. A Seopi tornou-se um órgão de controle e fiscalização de opositores políticos. Virou uma espécie de “Abin paralela”. Listou cerca de 579 pessoas, dentre elas policiais e intelectuais, que contribuíam ou poderiam vir a contribuir para ameaçar a ordem pública. Como justificar esta mudança que lembra práticas do regime militar recém-findo? É isto que o Ministro Mendonça precisa explicar. A CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência) do Congresso deveria, imediatamente, convidar para depor tanto Mendonça como o General Heleno que dirige o Gabinete de Segurança Institucional a qual a Abin está subordinada.
Executivo, Judiciário e Legislativo parecem competir sobre quem mais contribui para o enfraquecimento de nossa semidemocracia. São, infelizmente, poderes concorrentes.
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE