1- O Ministro da Justiça, André Mendonça, precisa apresentar explicações sobre as mudanças ocorridas na Seopi (Secretaria de Operações Integradas) dirigida pelo delegado Jeferson Lisbôa Gimenes. A Dint (Diretoria de Inteligência) está a ele subordinada e é comandada pelo coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes, um ex-assessor especial do atual ministro da Justiça na AGU (Advocacia Geral da União).
Até a época do Ministro Sergio Moro a Dint era oficialmente “responsável por elaborar estudos e pesquisas para o aprimoramento das atividades de inteligência de segurança pública e de enfrentamento ao crime organizado”. A Seopi, por exemplo, foi encarregada da transferência de líderes do PCC para presídios federais.
Com a chegada de Mendonça houve uma mudança radical. A Seopi tornou-se um órgão de controle e fiscalização de opositores políticos. Virou uma espécie de “Abin paralela”. Listou cerca de 579 pessoas, dentre elas policiais e intelectuais, que contribuíam ou poderiam vir a contribuir para ameaçar a ordem pública. Como justificar esta mudança que lembra práticas do regime militar recém-findo? É isto que o Ministro Mendonça precisa explicar. A CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência) do Congresso deveria, imediatamente, convidar para depor tanto Mendonça como o General Heleno que dirige o Gabinete de Segurança Institucional a qual a Abin está subordinada.
Executivo, Judiciário e Legislativo parecem competir sobre quem mais contribui para o enfraquecimento de nossa semidemocracia. São, infelizmente, poderes concorrentes.
2- Finalmente, encontro alguém que pensa como eu. O economista Rubem Novaes que, recentemente pediu demissão da presidência do Banco do Brasil, afirmou que a cultura política piorou ao longo do tempo. Segundo ele, tudo começou na reeleição de Fernando Henrique Cardoso ” e piorou muito nos anos do PT com mensalões e petrolões”. Não diria que tudo começou com FHC, apenas que ele a piorou.
A Emenda da reeleição foi comprada não com dinheiro vivo mas com um vergonho festival de toma-lá-cá. FHC poderia ter tido a grandeza do presidente Sanguinetti, do Uruguai. Deixou o governo, esperou que o Congresso aprovasse a reeleição. Então se candidatou e venceu novamente. O “iluminado” FHC não poderia esperar. A reeleição teria de ser logo realizada. A gana pelo poder abriu a porteira para, posteriormente, passar a “boiada” petista.
E agora assistimos tanto Maia como Alcolumbre tentarem que o Congresso mude a lei e permita que ambos sejam reconduzidos a seus cargos. Em um jogo de favores escancarado.
O curioso é que há cientistas políticos que acreditam que a cultura não importa. Só porque não se pode medi-la em termos quantitativos. A cultura sim, importa. Não se sabe, todavia, quanto.
3- Peço ajuda aos universitários.
Por qual motivo a Polícia Federal pode entrar nos gabinetes parlamentares de Paulinho da Força e Rejane Dias, esposa do governador do Piauí, mas foi impedida de vasculhar o gabinete do senador José Serra?
O que diferencia, em termos jurídicos, a Câmara de Deputados do Senado Federal? Por que Rodrigo Maia e David Alcolumbre agem de modo tão distinto?
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE