Por não saber diferenciar o conceito de espionagem política do de espionagem policial, o ministro da Justiça, vem metendo os pés pelas mãos. Quem criou, provavelmente, o imbróglio foi o coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes que já teve passagem pelo Centro de Informações do Exército durante o regime militar. Nada justifica que três intelectuais tenham sido “fichados” só por terem opiniões ideológicas contrárias ao governo. Não cometeram qualquer ação que pusessem em risco o Estado Democrático de Direito.
O ministro Mendonça, primeiramente, tentou se eximir da culpa dizendo que Kim Kataguiri tinha sido objeto de investigação política no governo Dilma. Agora, veio com uma justificação pior ainda. Tentando mostrar imparcialidade alegou que o governo também monitorou o grupo dos ‘300’. Ora, este era um grupo paramilitarizado, de inspiração fascista, e sua líder Sara “Winter”, foi presa por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A comparação é improcedente.
Muito melhor seria que o Ministro reconhecesse o erro do Seopi (Secretaria de Operações Integradas) e pedisse desculpas pelo ocorrido. Sairia engrandecido. Contudo, falta-lhe coragem política. Como lembra Churchill “coragem é a primeira das qualidades, porque a partir delas vem as demais”.
Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago e Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE